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Aramis

O internacional Marlos sempre valorizadíssimo

Após dois anos como presidente da Fundação Cultural do Distrito Federal - no qual enfrentou o radicalismo do PT e outros setores agressivos à sua presença - o maestro Marlos Nobre, 52 anos, retornou a fazer somente aquilo que mais gosta - e que o consagrou como um nome internacional: a composição e regência. Hoje, na área da música contemporânea, Marlos Nobre tem um prestígio mundial, com suas obras executadas nos mais importantes festivais, seminários e encontros; incluída em repertórios de orquestras, conjuntos e mesmo solistas, editada em partituras e gravadas em vários países. Convites para criar obras especiais, geralmente com generosas subvenções em dólares, não lhe faltam e não foram poucos os críticos que o compararam a dimensão de Villa-Lobos, entre os brasileiros que, com uma obra de raízes, alcança platéias nos mais distantes pontos do planeta. Aqui, hoje, algumas notícias relacionadas ao bom amigo Marlos Nobre, cuja obra merecia ser apresentada com mais regularidade pela Sinfônica do Paraná. xxx No México, de 28 de julho a 2 de agosto, Marlos participou do 2º Festival Internacional de Música de Morella e, em seguida (5 a 10 de agosto) esteve no Grande Festival Cidade do México. No primeiro, atuou como solista do seu "Concertante do Imaginário", para piano e orquestra, com a Orquestra de Câmara sob regência do maestro mexicano Francisco Savino. No segundo, dirigiu o concerto de encerramento apresentado ao lado de obras de compositores mexicanos (Manuel de Elias e Blas Galindo), a "Música para Cordas", de Cláudio Santoro - que, quando morreu, de enfarte, em 27 de março de 1989, foi citado como "vítima" de divergências com Marlos - já que Santoro era o titular da Sinfônica de Brasília. Ao homenagear o seu colega, Marlos mostrou a maldade dos que fizeram tais acusações - como tantas outras, injustiças em relação a sua pessoa. xxx Durante sua permanência no México, a Rádio Universidade Nacional Autônoma, transmitiu uma série de programas com suas peças, difundindo mais de 60 obras de sua autoria. Na Venezuela, o Quinteto de Sopros Siglo XX de Caracas, apresentou o "Quinteto de Sopros" de Nobre. Já a Orquestra Sinfônica Simon Bolivar da Venezuela, regida por Eduardo Mata (titular da Dallas Symphony, nos EUA) apresentou a obra "In Memorian" de Nobre, no Teatro Teresa Carreño. Posteriormente, a mesma obra foi levada a Amosterdan, Haia e Londres, esta última no Royal Festival Hall, por ocasião da tournée da orquestra na Europa. No Queen Elizabeth Hall, em Londres, o célebre coro "BBC Singers", sob o regência de Odaline de La Martinez, apresentou duas obras de Nobre: "Yanomami" para coro, tenor e guitarra e o "Cancioneiro de Lampião", para coro misto. xxx O Pavel Burda Percussion Enssemble, da Universidade de Wisconsin, apresentou na União Art Gallery, em primeira audição nos EUA, as "Variações Rítmicas", para piano e percussão típica brasileira atuando como solista o pianista Lou Cucunato. A Orquestra de Guitarras da Universidade da Costa Rica, regida pelo maestro Mário Solera, inclui em seu repertório uma das peças mais brasileiras de Marlos, pernambucano de Recife: as três partes de seus "Ciclos Nordestinos". xxx Uma das maiores alegrias profissionais de Marlos Nobre foi o fato de, ao lado das composições "Finlândia, opus 26" de Sibelius e da 1ª sinfonia, opus 13 de Tschaikowsky, ter sua "In Memorian" incluída no programa da Orquestra Juvenil de Berlim. Já em abril deste ano, em concerto dirigido pelo maestro Joachim Harder, realizado no Konzertsaal der Hochschule der Kunst Berlim, mereceu entusiásticos aplausos dos rigorosos críticos alemães. O respeitado musicólogo Fried Weis Weisbrod, salientou "o trabalho tímbrico, estrutural, rítmico e polifônico que o compositor desenvolveu na sua obra". A análise destacou a importância desta obra sinfônica do compositor brasileiro, escrita em 1973/76 por encomenda da Sinfônica Brasileira. A importância da escolha desta peça de Marlos está no fato de existirem milhares de partituras de compositores europeus, norte-americanos e asiáticos, disponíveis atualmente no mercado alemão. É verdade, entretanto, que nenhum deles ganhou, como é o caso de "In Memorian" o Prêmio Unesco 1979, sendo então considerado pelo júri internacional como uma das mais importantes e criativas composições orquestrais dos últimos dez anos.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
24
20/10/1990

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