Tapetes & Quadros
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 29 de maio de 1976
Carlos Ranulpho, dono da mais prestigiosa galeria de arte de Recife e editor de Livros de alto gabarito, geralmente em edições reduzidas, exclusivamente para bibliófilos, esteve no início da semana em Curitiba, acertando com Jorge Carlos Sade, da Acaíaca, o estabelecimento de uma ponte artística Paraná-Pernambuco. Além do intercâmbio de exposições, Acaiaca passa a vender os livros de Ranulpho e também a representar os tapetes artesanais Berta, distribuídos pela Ranulpho.
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Os tapetes artesanais Berta são hoje de fama mundial, em termos de criatividade. Neles, não há um padrão determinado que limite a mensagem; não pode dizer qu estão presos a um estilo pré-existente. Exatamente a não subordinação a um determinado estilo é que confere a estes vinculação ou rejeição a fórmulas. A liberdade do estilo assume, então, a forma maior da verdadeira criação artística, que, embora possa ser nordestina por feliz acidente geográfico, torna-se universal pelo conteúdo estético.
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Fernando Ikoma, 31 anos, paulista de Martinópolis, desde 1961 em Curitiba, inaugura no dia 10 de junho sua segunda individual na Eucat Expo. Até há alguns anos, Ikoma era conhecido apenas dos leitores de histórias em quadrinhos, em especial das revistas de terror, editadas por um grupo japonês em São Paulo. Desenhando e escrevendo as estórias, com personagem que variavam desde a mais absurda ficção científica (digna de um Stan Lee) a ingênuos conquistados, como o "Paquera", Ikoma compensava a falta de imaginação de seus roteiros, com um excelente traço. Durante mais de 6 anos viveu folgadamente deste trabalho, chegando, em certa época, a montar um atelier no edifício Marechal Deodoro, onde uma pequena equipe o auxiliava na produção das estórias. A técnica desenvolvida neste período foi transmitida num libro didático ("A técnica universal das histórias em [quadrinhos]") e mesmo num curso distribuido em 12 folhetos.
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Mas as histórias em quadrinhos não satisfaziam a Ikoma. Começou, assim, a partir de esperiências de desenhos autônomos, inicialmente com uma série de peixes, qeu, a Cr$ 50,00, vendia na feira de artesanato quando a mesma realizava-se no Largo da Ordem. Dedicado, com sua disciplina oriental, Ikoma continuou a trabalhar, partindo para o óleo, surgindo então uma individual na galeria comercial Ritz, onde muitos chegaram a confundir seus trabalhos com os de Érico da Silva. Semelhança sobre a qual, o jovem Ikoma não parou, evoluindo seus quadros para uma temática própria.
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Premiado em vários salões (1o lugar em desenho no dos Novos; salão de arte religiosa etc..) com quadros hoje em coleções particulares em várias cidades (Tel-Aviv, Buenos Aires, Amsterdam, Chicago etc.), Ikoma merece, cada vez mais, o reconhecimento pelo esforço e evolução de usa pintura. Figurativo, com cores fortes, é um artista consciente que, numa dedicação muito grande, vem melhorando de mostra para mostra - criando uma arte muito pessoal - e cuja fase mais recente, submete agora ao julgamento na individual que estará fazendo à partir do dia 10, na rua João Negrão, 150.
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