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Temas diversificados nos vídeos em disputa

Vitória - Escolhido para abrir o I Festival Nacional de Vídeo, "Pintolho", 6 minutos, do gaúcho Paulo César Franco - utilizando pintinhos de poucas semanas como "intérpretes" - é o candidato mais forte à premiação do júri popular. Dentro da democrática preocupação de fazer com que os 25 vídeos em disputa neste eventos sejam vistos pelo maior número possível de pessoas, estão sendo exibidos nos auditórios da Biblioteca Municipal, Biblioteca da Universidade Federal, do Sindicato dos Bancários, da Rede Gazeta e no salão da Associação de Moradores do Jardim da Penha. À noite, no Hotel Vitória Palace, há exibição para júri e convidados. - "Nós votamos para fazer com que os vídeos sejam conhecidos pelo maior número de pessoas", explica Cristina Valadão, coordenadora geral deste evento que trouxe 85 inscrições de 10 Estados, com seleção de 85 que disputam os prêmios "Cidade de Vitória" e cheques no valor de Cr$ 4.500,00. Osval dias de Siqueira Filho (Tiomkim), com "Imagens em Fuga" e "Cenas de um Sonho Selvagem", e Beto Carminatti, com "Welcome to Paradise", estão entre os candidatos, representando o Paraná. A primeira noite de competição, na quarta-feira, trouxe oito vídeos que mostram a diversificação na produção em VHS - bitola a qual foram restritos os trabalhos inscritos (eliminando-se assim a participação de produções mais profissionais). Mariana Ribeiro da Silva Tavares, 24 anos e Paula Pessoa de Castro, 23, de Belo Horizonte, mostraram dois documentários bem acabados, com toques de sofisticação. "Trilha", é uma trajetória pela região de Porto Seguro, na Bahia, com imagens harmoniosas de casas e natureza, num belo conjunto. Já "Vivenda", focalizando um mercado tipicamente brasileiro, flagra imagens da fauna que o freqüenta: feirantes, donas de casa, crianças, etc. Tem belas imagens e uma trilha sonora bem selecionada por Mariana, nascida em Louvain, Bélgica, formada em jornalismo e cujo requinte estético reflete-se nas imagens buriladas das imagens de seus vídeos - atividade a que se dedica há 5 anos, com vários outros trabalhos (além também de atuação na fotografia). Outro documentário com boa fotografia e excelente montagem é "Vai quem Vai", do baiano José Mamede, sobre a banda percussiva liderada por Carlinhos Brown (compositor-percussionista revelado nacionalmente por Caetano Veloso). Em linguagem dinâmica, utilizando os contrastes, foi, na noite de abertura, o vídeo mais forte - apesar de prejudicado por uma cópia defeituosa. "Na Paisagem do Lado Escuro da Lua", do mineiro Fábio Carvalho, partindo de uma boa idéia - documentando o lado de pintor de um catador de lixo, perde-se por falta de ritmo, enquanto "Veritates", de outro mineiro, Sérgio Molica (que em novembro/90 concorreu no FestVídeo de Maringá) apesar de plasticamente bonito é hermético e vazio. Em compensação, pela simplicidade, "Olaria", da paulista Ana Maria Escalada, foi o melhor documentário da noite. Em ritmo de programa sertanejo, o curta mostra uma olaria do Interior de São Paulo, em decadência, com seus operários vivendo em choupanas de madeira, em contraste com os tijolos que fabricam. Pela força das imagens, foi o segundo mais aplaudido - perdendo para "Pintolho". Em compensação, "O Boi na Vitrine", do carioca José Antônio Tavil, decepcionou: uma ficção sobre um cidadão que entra num bar e passa a imaginar que está "saboreando" um bolinho de carne humana, este vídeo mostra os perigos de realizadores inexperientes, tentarem a ficção. O resultado é frágil, cansativo e só mesmo a educação do público evitou que o mesmo merecesse vaias. LEGENDA FOTO - Tiomkim, videasta curitibano, participando em Vitória com dois vídeos experimentais.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
20
23/11/1991

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