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Aramis

Trilhas-Sonoras

Tão logo o cine Vitória cumpra a lei de proteção ao Cinema Nacional exibindo a pornochanchada "Banana Mecânica" (Brasil, 74, de Braz Chediak, produção de Carlos Imperial, também o principal intérprete), haverá o lançamento mais aguardado do ano: "Era Uma Vez em Hollywood", que desde o ano passado vem se constituindo num dos acontecimentos máximos do cinema, dentro daquilo que a Indústria dos Sonhos sempre foi: o mágico encantamento de gerações. Para comemorar seus 50 anos, a Metro Goldwin Mayer abriu todos os seus arquivos para o produtor e diretor Jack Halley Junior realizar uma coletânea antológica. Assim, "That's Entertainment" é uma antologia dos melhores musicais produzidos pelo estúdio do Leão em sua época de ouro. Ao todo, o filme de Haley - filho do ator Jack Halley, que em "O Mágico de Oz" (The Wizard Of Oz, 39, de Victor Fleming) interpretava o Homem de Lata - mostra mais de 50 astros e estrelas dos anos de ouro da Metro. Poucos ainda estão em atividade. Peter Lawford, por exemplo, luta para derrotar um câncer, Jimi Durante, só anda em cadeira de rodas, Greta Garbo só saiu de seu refúgio na Côte D'Azur, recentemente, para ser operada da vista, Joan Crawford começa a ser conhecida pelos soviéticos, não como atriz, mas como proprietária de Pepsi Cola. Howard Keel conserva energias no inverno para realizar shows de verão (em 1972 ele fez "O Homem de La Mancha"), Donalld O'Connor anda tão apagado que nem consta no mais recente Who is Who de Hollywood. Melhor sorte tem os veteranos Mickey Rooney e Ava Gardner. Ele, célebre pelos filmes que Andy Hardy, filmou há pouco em Israel e Ava, que apenas efeitava os musicais com sua beleza (como "O Barco das Ilusões", 1951) terminou recentemente "Terremoto", ao lado de Charlton Heston. Para mostrar todos esses (e outros, alguns já falecidos, com Judy Garland, Dick Powell, etc), Jack Haley Junior assistiu a mais de 200 filmes, realizados entre 1928 e 1958. Resumir todos estes 30 produtivos anos em apenas um filme era um exagero. Como o sucesso do primeiro, Haley Junior decidiu aprontar uma segunda coletânea dos musicais da Metro. A Warner Brothers também animou-se e promete para breve uma produção semelhante de musicais e até os brasileiros já querem fazer uma seleção dos musicais, dos filmes de Adhemar Gonzaga/Wallace Downey ("Alô, Alô Carnaval", 36) até as carnavelescas chanchadas da Atlandida. Evidentemente, que uma antologia como "That's Entertainment", tinha que ter uma trilha sonora extraordinária. E nos EUA, junto com o lançamento do filme - produzido pela MCA, a gravadora deste grupo editou um belíssimo álbum duplo, contendo as principais músicas das seqüências incluídas. No Brasil, tendo a MGM como representante a poderosa Phonogram, a edição da trilha sonora demorou um pouco. Período em que os mais afoitos colecionadores de sound-track não tiveram dúvidas em gastar até Cr$ 240,00 para comprar o álbum importado. Finalmente, com a ameaça da Chantecler (representante da MCA Records) editar o álbum se a Phonogram não o fizesse, a gravadora holandesa lançou este disco que, em matéria de trilha sonora é, desde já, o melhor disco do ano. Pela seleção que apresenta e síntese de clássicos reunidos - incluindo praticamente uma mostra do que melhor houve em Hollywood durante 3 décadas. Já dedicamos ao lançamento, em janeiro último, graças a uma edição importada, um programa especial de três horas ("Domingo Sem Futebol", Rádio Ouro Verde) com os melhores momentos desta álbum-antologia, que agora, voltaremos a focalizar, em nossas produções na Rádio Estadual do Paraná, quando da próxima estréia da fita. Aqui fica apenas o registro sincero: um álbum duplo que é absolutamente indispensável a todos que, de uma forma ou de outra, sabem curtir a nostalgia e o amor pelo cinema americano, pelos filmusicais, em sua fase de ouro (THAT'S ENTERTAINMENT, PHONOGRAM/MCA RECORS, Stereo 2368070/2368071, série de Luxo, 2 lps, Cr$ 80,00. THE MAN WITH THE GOLDEN GUN - O compositor inglês John Barry foi revelado como criador de trilhas sonoras graças a James Bond. Desde "O Satânico Dr. No" (Dr. No, 62, de Terence Young) Barry vem fazendo as sound-tracks das versões dos romances de Ian Fleming (1908-1964) levadas ao cinema pelos astutos produtores Hary Saltzman & Albert Broccoli. E se James Bons hoje já não é mais interpretado por Sean Connery e o próprio Terence Young afirma que já desistiu de continuar na mesma série, o bom Barry continua firma na criação das trilhas sonoras, todas num mesmo esquema. Evidentemente, que assim como o sucesso das fitas vem caindo de ano para ano, as músicas já não tem o mesmo impacto e mesmo as vocalistas também deixaram de impressionar. Por exemplo, "007 Contra o Homem do Revólver de Ouro" (em exibição no Cine São João), cuja trilha-sonora, a exemplo de todas as outras da série foi editada no Brasil pela Copacabana, é pálida, sem nenhum destaque. Ao invés da voz sensível de Shirley Bassey, desta vez temos vocalista chamada Lulu, a mesma que há sete ou oito anos ganhou alguma notoriedade cantando outra main title: "To Sir, With Love", do filme "Ao Mestre Com Carinho". Os temas de John Barry para este novo filme da série 007 estão muito abaixo dos anteriores, mas para os colecionadores de trilhas-sonoras não deixa de ser um disco a ser adquirido. THE MAN WITH THE GOLDEN GUN/COPACABANA/UNITED ARTISTS, 11979, janeiro/75, Cr$ 45,00. TOGETHER BROTHER/A DESFORRA - Barry White, compositor que está conquistando um grande prestígio no Brasil através de seus constantes elepês, editados no Brasil pela Companhia Industrial de Discos, estréia agora na música cinematográfica. Convidado pelo diretor William Graham musicou o filme "Together Brothers", ainda inédito no Brasil mas que aqui se chamará "A Desforra". Com jovens atores chamados Admad Nurradin, Anthony Wilson, Nelson Sims, Owen Pace, Kenneth Bell e Kim Dorsey, "Together Brothers", traz nada menos que 23 temas criados por Barry White, interpretados pelo bom grupo vocal Love Unlimited, também conhecido do público brasileiro através de seus lançamentos via CID. 20Th Century Fox Records/CTI, fevereiro/75, Cr$ 45,00.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Jornal do Espetáculo
42
13/04/1975

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