Um Cassino que continua a render
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 30 de março de 1975
A revisão de "Casino Royale" (Cine Avenida), oito anos após a sua realização, mostra que esta comédia não apenas resiste ao tempo mas, ao contrário, hoje pode ser ainda melhor compreendida do que na época de sua produção. Único romance de Ian Flemming (1908-1964), com as aventuras do agente secreto 007 que não foi adquirido pela astuta dupla Harry Saltzman e Albert R. Broccoli, responsáveis pela série de fitas de James Bond a partir de "Dr. No" (1963, de Terence Young), "Casino Royale" acabaria caindo nas mãos do bem humorado produtor Charles K. Feldman.
Xxx
Justamente o primeiro livro de Flemin a apresentar o agente 007, publicado em 1953, "Casino Royale" motivou uma sátira divertida, inteligente e quase surrealista em especial em suas últimas seqüências. Todos os elementos explorados até hoje ( o filão de ouro continua, tanto é que "007 Contra o Homem Com A Pistola de Ouro", 74, de Guy Hamilton, vem aí) nas produções de Broccoli/Saltzman, foram revistos com muito humor no roteiro que Wolf Mankowitz, John Law e Michael Sayers fizeram para "Cassino Royale". Apropriadamente, a participação de nada menos que cinco diretores - desde o competente John Huston até o desconhecido Joe McGrath, passando por Ken Hughes, Val Guest e Robert Parrish - conseguiram o que parecia ser impossível em qualquer outra produção: uma multiplicidade de estilos que acaba tornando ainda mais atraente esta brincadeira em torno de espiões & o seu sofisticado mundo.
Xxx
Além de reunir 5 diretores de estilos diferentes, o produtor Charles K. Feldman conseguiu também um elenco que por si só já garantiu a "Casino Royale" um êxito permanente nas telas: Peter Sellers, Ursula Andress (que surgiu para o sucesso em "Dr. No"), David Niven, Joanna Pettet, Orson Welles, Daliah Lavi, Woody Allen, Deborah Kerr, William Holden, Charles Boyer, John Huston, Georg Raft, Jean Paul Belmond (em curtíssimas atuações), Terence Cooper e Barbara Bouchet.
Xxx
Mas mesmo que muitos não entendam o humor e a sátira surrealista desta comédia, um crédito é indiscutível: a perfeita trilha sonora criada por Burt Bacharach e Hal David, com Dusty Srpingfield cantando uma das mais belas músicas da dupla: "The Look Of Love".
Enviar novo comentário