Um clássico para políticos lerem
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 29 de julho de 1988
Parece até piada, mas nas semana passada um jornalista verificou que pelo menos três deputados estaduais - entre eles Rafael Grega de Macedo - elegeram como leitura de cabeceira "O Declínio do Homem Público - As tiranias da Intimidade", de Richard Sennett (Companhia das Letras). Um livro que se tornou uma espécie de clássico da sociologia contemporânea.
xxx
Como diz o próprio editor na nota de introdução: "Para entender a atualidade desta obra, basta olharmos à nossa volta. Basta ver que um país como o Brasil tem, por exemplo, muito mais poetas do que leitores de poesias. Do advogado ao médico, a dona-de-casa e até ao cineasta, passando, é claro, pela atriz todos escrevem - e empurram-nos seus poeminhas. Por que será que é mais fácil escrever poesias do que ler poesia, fazer arte do que ver arte - paradoxo que só pode implicar rebaixamento de qualidade? É que no mundo do "eu me amo", no narcisismo desvairado, a privatização da existência assumiu proporções tais que o eu constantemente invade o já tão depauperado espaço do outro. Ser outro hoje em dia é duro neste bulevar de vitrines do ego".
xxx
E no seu livro, Richard Sennett, americano de Chicago, 45 anos, formado pelas universidades de Chicago e Harvard, ex-violoncelista profissional, fez um ensaio cobrindo mais de 200 anos de história cultural, política e englobando a moda, os escritos de Diderot e Balzac, os estilos de Liszt e Paganini, o comportamento das massas revolucionárias, o caso Dreyfus e até a carreira de Richard Nixon.
Enviar novo comentário