Um vídeo sobre pinturas pré-históricas em Piraí
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 03 de janeiro de 1992
Quantas pessoas conhecem as pinturas rupestres, feitas em pedras em algumas regiões do Paraná, por homens da pré-história há mais de 2 ou 3 anos?
Excetuando-se para meia dúzia de arqueólogos e estudiosos que, ao longo dos últimos 40 anos, quase sem condições práticas para empreenderem pesquisas mais profundas, estas inscrições deixadas pelos nossos ancestrais aplicando pigmentos sobre uma superfície parietal, revestida de argamassa composta de cal, areia e óxido de ferro, que absorviam um colorido desafiando milênios são desconhecidas. Oldemar Blasi, 72 anos, por mais de 10 o idealista diretor do Museu Paranaense, está entre os cientistas paranaenses que há mais tempo vem se preocupando em estudar estes registros da América pré-colombiana, embrenhando-se por distantes paragens - onde, no passado, existiam grandes florestas, na região dos Campos Gerais e no rumo do Norte do Estado, encontrando sinais de presença do homem pré-cabralino em nossa região.
Nas vésperas do Natal, mostrando ainda grande vigor físico, Blasi, já aposentado do Estado mas que continua a ser um apaixonado pesquisador, ao lado de um colega mais jovem, Miguel Geisler (que o substituiu, inclusive, na direção do Museu Paranaense), a pedido do arquiteto Bráulio Carolo, diretor regional do Instituto Brasileiro do patrimônio Cultural, acompanharam os cineastas Valêncio Xavier e Ozualdo Candeias numa missão importante: documentar em fotos e num vídeo de 45 minutos várias inscrições rupestres existente em distantes fazendas na região de Piraí do Sul. Um projeto dos mais importantes, para ampliar a pequena documentação fotográfica existente - feita no passado por José Kalkbrenner Filho e Francisco Kawa - que registram manifestações na pré-história do Brasil, com homens que ali viveram, empregando pigmentos moídos e aglutinados em água ou matéria gordurosa, aplicados diretamente sobre os calcários e em pinturas planas. Logicamente que sem a mesma evolução - e quantidade - existente em La Mouthe e Lascaux, na França ou nas grutas de Altamira (Espanha), ou mesmo diferentes daquilo que se encontra em outras regiões do Brasil - especialmente Minas Gerais e no Piauí - as pinturas rupestres em algumas regiões do Paraná são intrigantes e documentalmente importantes para o estudo da civilização em nosso continente.
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