Os caçadores das imagens históricas que se perdem
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 03 de janeiro de 1992
Nos dias 28 e 29 de dezembro, enfrentando um calor que chegou acima dos 40º, buscando trilhas pelo interior de Piraí do Sul, em quatro grandes fazendas - e tendo que percorrer a pé vários quilômetros de região íngreme, sem qualquer possibilidade de acesso por veículos, um grupo de sete pessoas - os arqueólogos Blasi e Miguel, os arquitetos José La Pastina ("Paper") e Bráulio Carolo, os cineastas Valêncio Xavier e Ozualdo Candeias, e o assistente Fernando Burges, e o garoto Bráulio Filho, fizeram uma verdadeira caçada às imagens do Paraná de dois milênios passados.
Blasi e La Pastina, que anteriormente percorreram a região, constataram, preocupados, que muito daquilo que encontraram em visitas anteriores já foi destruído. Queimadas sistemáticas na região e mesmo a presença de caçadores clandestinos - ignorantes da importância científica das inscrições rupestres - vem destruindo estas marcas do passado, até hoje insuficientemente estudadas, especialmente pela falta de recursos e impossibilidade de acesso a muitos pontos.
Felizmente preservadas da presença predatória do turismo - que não tem condições de acesso à distantes pontos de fazendas como a das Cavernas e do "seo" Teodoro - estas inscrições, que resistiram a milênios, à ação da natureza, hoje são destruídas pelo homem. Imagens de animais - especialmente veados, ao lado de inscrições mais simbólicas - como de uma estrela em forma de disco voador, que pode sugerir analogias as teorias de Von Daniken ("Eram os Deuses Astronautas?") estão ainda gravadas em pedras na região - que logo serão possíveis de serem vistas em fotos e vídeo, mas guardadas até a sua montagem final, a sete chaves pelo arquiteto Bráulio Carolo.
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