Login do usuário

Aramis

Uma ópera com muito batuque (sonorífero...)

Programada há menos de dez dias, a única apresentação da ópera "Shangô - Oba Koso" ( O Rei não se Enforca, auditório Bento Munhoz da Rocha Neto, quarta-feira, 21 horas) teve um público razoável. Afinal, lotar as 2.300 poltronas do maior auditório do Brasil não é fácil e para uma apresentação de um espetáculo estranho, sem qualquer promoção maior, só o fato de cerca de mil atenciosos espectadores espalharem-se pela platéia, primeiro e segundo balcão, confere a esta iniciativa coordenada pelo ativo Francisco Norberto Fernandez, assessor de relações públicas da Fundação Teatro Guaíra, um grande mérito. xxx Vindo ao Brasil em decorrência de um programa de intercâmbio comercial e cultural iniciado em fins de 1973, quando a I Missão Comercial Brasileira a Países da África, visitou a Nigéria, a companhia de Duro Lapido teve alguns imprevistos ao desembarcar em São Paulo, há vinte dias. A Programação oficial não havia sido confirmada com a devida antecedência e foi graças então aos esforços da Internacional Consultoria e Palnejamento e do maestro Jácomo Bisaglia, que se montou um roteiro para que o grupo deixasse de mostrar a sua arte ao nosso público. Após uma estreia em Porto Alegre e a apresentação em Curitiba, "Oba Koso" será levada a São Paulo (sábado, Ibirapuera), Guanabara, Belo Horizonte e Brasília. xxx Há dez anos percorrendo diversos países, o espetáculo escrito, dirigido e interpretado por Duro Lapido, 48 anos, 6 esposas (três das quais no elenco) falando um inglês oxfordeado que surpreendeu todos que com ele palestravam, não é fácil de ser digerido pelo público exceto talvez na Bahia - sem uma integração maior com a cultura africana. O ritmado som dos tambores age como um sonorífero sobre a platéia - e durante o espetáculo de quarta-feira não foram poucos os espectadores que adormeceram - e o fato do espetáculo ser narrado em dialeto africano, incompreensível e até assustador em seus sons guturais, contribui para torná-lo cansativo. Merece, entretanto, a atenção dos que se interessam pela cultura africana, em suas formas de canto e dança - cuja influencia sente-se em algumas partes de nosso País. LEGENDA FOTO 1 - Ópera sonorífera.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
4
17/01/1975

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br