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Aramis

Visconde Souto e os ossos de sua família

Talvez em breve o advogado Francisco Souto Neto, colecionador de artes plásticas e que vem procurando desenvolver vários projetos culturais (Salão de Novos; Museu do Banestado etc.), possa acrescentar em seu bem cuidado cartão-de-visitas o título de Visconde de Souto. Para tanto, um envelope foi encaminhado ao sr. Manuel Sebastião Dauen e Lorena, Marquês de Pombal, presidente do Conselho de Nobreza, em Lisboa, Portugal - com elementos informativos sobre sua árvore genealógica e, também, denúncias sobre "os descalabros que envolvem a memória de alguns dos mais fiéis súditos de Suas Altezas Reais, os antigos soberanos portugueses" - no Cemitério de Catumbí, no Rio de Janeiro. Inclusive, cópia desta documentação foi enviada também a Dom Duarte-Pio-João-Miguel-Gabriel-Rafael de Bragança, Duque de Bragança, herdeiro do trono de Portugal. xxx Tudo começou quando Francisco Souto Neto visitando o Cemitério de Catumbí, em janeiro de 1985, deparou com os túmulos de seus ancestrais - incluindo o Visconde de Souto (o banqueiro português Antonio José Alves Souto, 1813-1880) e os seus trisavós, Visconde de Souto e a Viscondessa Maria Jacinta de Freitas Souto 91810-1885), num "quadro de horror" - como descreve. O cemitério coberto por denso matagal, túmulos destruídos, lixo jogado no local etc. - tudo próximo a favela do Catumbí, "que avançara com barracos erguidos sobre os túmulos mais antigos". Organizado e disposto a denunciar à opinião pública o abandono do cemitério do Catumbí - onde repousam os restos de muitos vultos da história de Portugal e do Brasil - Francisco Souto Neto iniciou uma série de contatos com autoridades - dando, ao mesmo tempo divulgação inclusive através de publicações nacionais) do abandono do cemitério. Até ao então ministro da Cultura, Aluízio Pimenta, Souto Neto fez chegar os seus protestos - apelando para a restauração do cemitério. Mas, apesar de sua luta, nada foi feito e, em dezembro último, verificou que o túmulo da família Souto havia desabado inteiramente, "transformando-se em escombros de mármore". xxx Embrenhando-se no cipoal nobiliárquico histórico para fundamentar suas preocupações com o abandono dos túmulos de seus antepassados, Francisco Souto Neto acabou tornando-se amigo do arqueólogo Roberto de Aquinotordy (que há anos busca tesouros de um navio pirata, afundado na baía de Paranaguá), presidente da Sociedade Brasileira de Heráldica e Medalística - que o animou em suas pesquisas. Reforçado pelo apoio do sr. Augusto Benedito Galvão Bueno Trigueirinho, presidente do Instituto Genealógico Brasileiro, Souto Neto dirigiu-se agora ao Marquês de Pombal (o sétimo, descendente direto daquele que expulsou os Jesuítas do Brasil), que preside o Conselho de Nobreza de Portugal. Como o pai de Francisco, o jornalista Arary Souto (1908-1963), era primogênito de sua geração, descendente, numa linhagem direta de primogênitos varões, do Visconde de Souto, e sendo Francisco o filho mais velho, tornou-se legítima sua aspiração a herdar o título de Visconde. Um título que - diz o pretendente - é valioso, já que em Portugal, ao contrário do que ocorre em outros países (Alemanha, Itália etc.), os mesmos não podem serem comprados - e só são concedidos aos legítimos herdeiros, através de muitas provas e registros no Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Assim, ao mesmo tempo que deseja regularizar a cessão do título de Visconde, Francisco Souto Neto busca, também, idealisticamente, com esta distinção, tornar mais fácil o trabalho na área cultural, ao qual pretende se dedicar, em tempo integral, tão logo aposente-se de suas funções bancárias.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
13
12/07/1986
Desde a publicação do artigo ao alto, já se passaram mais de 24 anos, quase um quarto de século. Entretanto, recentemente ocorreram novos fatos envolvendo as narrativas acima, que merecem uma complementação. Assim, tomo a liberdade de escrever o que segue. Naquele ano de 1986, na visita que fiz ao Cemitério do Catumbi, onde estão sepultados meus trisavós, o Visconde e a Viscondessa de Souto, encontrei o setor histórico da necrópole no mais absoluto abandono. Recorri a vários órgãos da imprensa, e a maior receptividade veio do Jornal do Brasil, que enviou ao cemitério uma equipe de reportagem que confirmou a existência de matagal e depredação, com o túmulo do Visconde de Souto (1813-1880) vandalizado e a campa quebrada, dentro da qual funcionários do cemitério tinham atirado sacos de lixo, de plástico, contendo ossos humanos não identificados. O túmulo do Marquês de Olinda, com quem o Visconde de Souto era aparentado, estava também vandalizado. O Jornal do Brasil comprovou as denúncias e publicou a extensa matéria com fotografias, na página 20 da edição de 7 de abril de 1985. Mandei a administração do cemitério dar destino cristão aos despojos desconhecidos e contratei o conserto do túmulo. Ao mesmo tempo, mantive contato com importantes personalidades do Brasil e de Portugal (o Visconde de Souto era português, por isso também falei ao telefone com Dom Duarte, tal como é tratado o atual Duque de Bragança) que pudessem influir na preservação do setor histórico do Cemitério do Catumbi. Naquela ocasião, pensávamos que meu bisavô Francisco José Alves Souto fosse o primogênito da sua geração. Eu e meus familiares e parentes tínhamos a comprovação de que meu avô Francisco Souto Júnior (1881-1940) era filho de Francisco José Alves Souto (1847-1890) e neto de António José Alves Souto – o Visconde de Souto – mas desconhecíamos os nomes de todos os nossos tios-bisavós. Tínhamos o relato familiar oral de que Francisco José seria o primeiro filho do Visconde, mas recentemente descobrimos haver aí um equívoco. Quando eu e minha prima Lúcia Helena Souto Martini, que reside em Paulínia, SP, nos decidimos entre 2006 e 2007 a escrever em coautoria a biografia do Visconde de Souto, pouco sabíamos dele. Além de uma sucinta biografia publicada no ano do seu falecimento em seis edições do Jornal Commercio de Lisboa (zelosamente guardadas por minha avó paterna), de relatos familiares passados de geração para geração, e do conteúdo de não mais do que meia dúzia de livros, nada mais sabíamos do nosso antepassado. Começamos então a efetuar profundas pesquisas à distância, e depois “in loco” no Rio de Janeiro: no Arquivo Nacional, Biblioteca Nacional, IHGB, Cúria Metropolitana, SPHAN, Museu Histórico Nacional, e outros órgãos ligados à Memória. Graças a pesquisas em “Livros de Google”, até 2010 nós localizamos mais de seiscentas obras referindo-se ao Visconde de Souto e à “Quebra do Souto”, como é historicamente denominado o episódio da falência da sua casa bancária, ocorrida em 10 de setembro de 1864. E através de Estante Virtual, em quatro anos consegui comprar cerca de cento e quarenta livros em sebos de todo o país, enquanto minha prima Lúcia Helena adquiriu outros aproximadamente cem títulos. Um dos livros que comprei chama-se “Anuário Genealógico Brasileiro”, de Salvador de Moya, editado pelo Instituto Genealógico Brasileiro, São Paulo, edição de 1943. Na página 150 dessa obra estão relacionados os treze filhos do Visconde de Souto. Somente então nós descobrimos que o primogênito do Visconde e Viscondessa de Souto chamava-se Antônio José Alves Souto Júnior, falecido na infância, e que nosso bisavô figura no referido livro como tendo sido o 4º filho. Em 2007 ou 2008, graças ao Dr. Dalmiro da Motta Buys de Barros, que foi presidente do Colégio Brasileiro de Genealogia no Rio de Janeiro, obtivemos a ordem correta dos nomes dos filhos do Visconde de Souto, na qual nosso bisavô não figura como o 4º filho, muito menos como primogênito, mas como o 6º de treze irmãos. Além disso, ocorreu um engano na edição de Tablóide acima, de 12 de junho de 1986, onde se lê: “Sendo Francisco [eu] o filho mais velho...”. Ao notar o equívoco, telefonei ao meu amigo Aramis, pedindo-lhe retificar, o que ele fez na próxima ocasião em que se referiu a mim, ou seja, em Tablóide de 3 de novembro do mesmo ano de 1986 (o título da nova matéria foi: “Souto busca a nobreza e descobre as telas”), e nessa ocasião ele esclareceu: “Embora seja o ‘secundogênito varão’ na família - mas como conta com a desistência formal de seu irmão, Olímpio, mais velho, Francisco iniciou o lento, difícil mas estimulante processo de reivindicar o título nobiliárquico”. Entretanto, a minha pretensão em revitalizar o título de visconde, se desfez nos anos seguintes, porque, naqueles tempos idos, ao entrar em contato com o 7º Marquês de Pombal, que era o presidente do Conselho de Nobreza de Portugal, me foram solicitadas várias comprovações documentais, que eram então praticamente impossíveis de se obter, tais como, dentre muitas outras, as certidões de nascimento e casamento dos meus bisavós, que viveram e morreram no oitocentismo, isto é, no distante século XIX. Os leitores que se interessarem por estes assuntos, poderão encontrar mais subsídios na edição que acabo de citar (de 3 de novembro de 1986) e também em outros textos correlatos publicados pelo saudoso Aramis Millarch em Tablóide, agora transformado em “Tabloide Digital”, coluna que assim alcança a perenidade. Muito obrigado ao Francisco Millarch e sua mãe Marilene, pela oportunidade desta retificação.
Sou Português,natural de Amarante,distrito do Porto,origem do referido Visconde do Souto. Só muito recentemente descobri esta interessante história sobre a vida do português que em vida foi feito Visconde pelo nosso Rei D.Luís I. Com o que aqui acabei de ler fiquei a saber muito mais sobre a dita figura, pela pena do seu descendente Francisco Souto Neto. Gostaria de entrar em contacto com ele para esclarecer algumas dúvidas que me surgiram. Se alguem me poder ajudar a por-nos em contacto desde já agradeço. Luís van Zeller de Macedo
MUITO INTERESSANTE ESSA MATÉRIA. GOSTARIA DE SABER, SE POSSÍVEL, OS NOMES DESSES 13 FILHOS DO VISCONDE DE SOUTO OU COMO PESQUISAR.
A família de Izoldino era importante. Em Minas Gerais, seu estado natal, havia o Banco Souto Maior, dirigido por familiares do maestro. Izoldino era filho de Guilherme souto e irmão do maestro Eduardo Souto, tio de Nelson Souto e tio-avô do maestro Eduardo Souto Neto. Eles tinham outros irmãos, os quais não sei os nomes. Se quiser saber algo sobre os filhos de Izoldino, e as ramificações, entre em contato com meu e-mail. Um abraço.

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