Mesmo com omissões, uma história de nosso teatro
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 12 de julho de 1986
Escrever uma história do teatro no Paraná é um projeto antigo e que já tentou muita gente. O professor Newton Stadler de Souza, quando no curso de comunicação social da Católica, chegou a ensaiar uma ampla pesquisa com seus alunos. Armando Maranhão, 59 anos, há 36 no Paraná, tem uma exaustiva documentação que, promete transformar em livro. Benedito Nicolau dos Santos Filho e David Carneiro já deram contribuições esparsas sobre as artes cênicas em nosso Estado.
Entretanto as informações ainda são escassas. Por isto a Fundação Nacional de Artes Cênicas tenha reunido quatro breves estudos sobre "Teatro do Paraná" para inaugurar sua coleção "Exposições" (55 páginas, julho/86).
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Com exceção do trabalho de Maria Teresa Braga de Lacerda, incansável pesquisadora, que mergulha nas orígens do teatro no Paraná, os três outros textos abordam o que de fez em nossos palcos nos últimos anos. Assim Marta Moraes da Costa faz um breve apanhado de nossos dramaturgos - citando rapidamente (sem informações pessoais mais detalhadas, como anos de nascimento e morte etc.) tanto os autores pioneiros, como Alcides Munhoz, José Buzetti Mori, José Cadilho, Benedito Nicolau dos Santos etc. - como contemporâneos - Eddy Franciose, Maurício Távora, Manoel Carlos Karam etc. Há omissões difíceis de justificar: por exemplo, Cídero Camargo de Oliveira, autor do maior sucesso do antigo Teatro de Bolso ("Nêga de Maloca", 1958/59), não é sequer lembrado. Já Celina Alvetti se fixa nos últimos dez anos do teatro paranaense, numa descrição quase jornalística, falando de montagens, grupos e espaços. Finalmente, o trabalho mais pessoal - por refletir realmente uma íntima vivência - é o painel que Eddy Antônio Franciose traça da feliz época do Teatro de Amadores do Sesi, que movimentava a cidade nos anos 50. Tendo dirigido várias peças naquele período, Eddy oferece um texto saboroso - escrito aliás, originalmente, para uma palestra que fez no miniauditório Glauco Flores de Sá Brito, a convite de Lúcia Camargo, da Funarte - e que aqui registramos na época. Omissões a parte, "Teatro no Paraná" é uma contribuição para a nossa memória cênica, tão carente de fosfato.
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Carlos Miranda, presidente do Inacem, vem dando sequência ao projeto editorial que Orlando Miranda ali introduziu - e graças ao qual a biblioteca especializada tem crescido, ao ponto do Instituto poder ter hoje uma rede de livrarias "Ver e Ler", para venda de suas publicações (revistas, monografias, biografias e, especialmente textos de autores brasileiros). Agora, como oitavo volume da coleção "Clássicos do Teatro Brasileiro", é lançado "o segundo tomo do Teatro de Arthur Azevedo". Num robusto volume de 637 páginas, estão 11 peças de Arthur Azevedo (1855-1908): "Casa de Orates", "Um roubo no Olimpo", "A Flor-de -Lis", "A Mascote na Roça", "O Escravocrata", "O Mandarim", "Uma Noite em Claro", "Cocota", "O Carioca", "O Bilontra" e "A Donzela Teodora".
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