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Aramis

Afinal, a história do teatro

A fraquíssima memória bibliográfica paranaense vai ganhar algumas páginas do fosfato graças à visão dos conselheiros e diretores da Fundação Teatro Guaíra: já está em processo de assinatura de contrato, a edição de "Teatro na História da Cultura do Paraná" do professor Benedito Nicolau dos Santos Filho. São 254 páginas datilografadas, onde estão reunidas informações preciosas sobre o teatro no Paraná, a partir de 1850 até a chegada de 40, com relatos de apresentações feitas nos antigos Handerker, Saengerbund, São Theodoro, Guayra (com "y") e mesmo dos teatros no Interior - nas cidades de Morretes, Paranaguá, Lapa, Palmeira e Ponta Grossa. Filho do Maestro, jornalista e compositor Benedito Nicolau dos Santos (1878-1956), autor de óperas como "O Marumby" e de uma volumosa obra teórica, intitulada "Sonometria e Música", o professor Benedito Filho, 63 anos, vem dedicando seu tempo livre - ampliado com sua aposentadoria da Universidade Federal do Paraná, para pesquisas históricas. Afora duas obras já publicadas, escreveu uma História da Música do Paraná, com muitas revelações, inclusive do período em que Heitor Villa-Lobos (1877-1959) residindo em Paranaguá, como vendedor de livros, atuava como violonista numa orquestra local. Uma passagem da vida do grande compositor brasileiro que nunca foi incluída nas muitas obras biográficas a ele dedicadas. Entretanto, como alguns outros raros paranaenses que se preocupam com a pesquisa, o professor Benedito Nicolau dos Santos Filho também vê os seus originais amarelarem nas gavetas de sua escrivaninha, enquanto as onerosas entidades culturais, com a desculpa de "falta de verba" deixam de transformar esses trabalhos em preciosos livros de documentação. Porém, para muitas discutíveis promoções político-sociais (disfarçadas como culturais) não faltam gordos recursos, muitos dos quais inchados de verbas federais. Por isso, a decisão do conselho e diretoria da Fundação Teatro Guaíra em financiar a edição de "O Teatro na História da Cultura do Paraná" se constitui em acontecimento que merece ser saudado. Nunca é demais lembrar - pois assim talvez alguém sensibilize-se - que dona Maria Nicolas, admirável mestra de várias gerações, continua com dois volumes de seu "Almas das Ruas" (biografias dos patronos (as) das ruas e praças de Curitiba) a espera de edição, enquanto que seu básico "100 Anos de Vida Parlamentar", esgotado há 22 anos, mereceria ser reeditado (ampliado e revisado, obviamente). Entretanto, até agora só vãs promessas: tanto a Prefeitura, através de sua Fundação Cultural, como a Assembléia Legislativa do Estado, poderiam providenciar tais publicações - obras de consulta do maior interesse. O teatro paranaense não tem memória: Armando Maranhão, desde 1948 vem reunindo alguma documentação, o professor Newton Stadler de Souza, a frente de estudantes de comunicação planejou uma pesquisa, a professora Roselys Velloso Roderjon, em seus esforços de historiar a nossa música, tem levantado alguns dados. Mas são todas iniciativas isoladas e cujos resultados permanecem restritos a arquivos particulares. A publicação do livro de Benedito Nicolau será assim a primeira chance de muitos conhecerem um pouco da história de nosso teatro.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
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27/03/1977

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