Um homem, a música & o tempo
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 17 de outubro de 1974
Um dos mais estimados jornalistas da cidade, Ali Bark, 47 anos, 30 de imprensa, depois de ter editado, regularmente, por 35 meses, a revista "Tabajara", vem prestando, desde janeiro último, em sua nova publicação - "Rumo Paranaense", homenagem aos paranaenses de grande valor mas que permaneciam esquecidos de seus contemporâneos. Assim é que, entre outros, Ali, já dedicou edições às personalidades de Bento Munhoz da Rocha Netto (1905-1973), Oscar Martins Gomes, Andrade Muricy, dona Paula Gomes, etc., com um importante trabalho de pesquisa e ilustrações, dando a sua honesta revista uma importância muito grande, justificando inclusive a sua inclusão nos setores de referência das bibliotecas do Estado.
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Em seu 10º número, "Rumo Paranaense" reverencia agora o compositor, maestro e músico Benedito Nicolau dos Santos (1878-1956), autor de numerosa obra - infelizmente pouco conhecida das novas gerações, e que deixou extraordinário arquivo, que está inclusive motivando ao seu filho, o professor Benedito Nicolau, a escrever uma fundamental "História da Música do Paraná". Entre 1931 a 1935, pela Livraria Mundial, de Curitiba, publicou uma obra teórica - "Sonometria e Música", citada com respeito por musicólogos, pelas propostas que ali desenvolvia há mais de 40 anos - precursoras de muitos que fala hoje, em termos de vanguarda.
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Benedito é o autor também da música da opereta "Vovozinha", com libreto de Emiliano Perneta (1866-1921), representada pela primeira vez em 13 de maio de 1913, no antigo Clube Literário de Paranaguá e posteriormente, em 1921, em Ponta Grossa e Curitiba. Mas sem dúvida uma de suas obras mais curiosas - e com ação totalmente ambientada em Curitiba, numa confeiraria da antiga Rua das Flores é "Marumbi", para a qual também escreveu o libreto. Sua estréia se deu no antigo Teatro Guaíra, pelo Trupo Teatral da Sociedade Renascença do pioneiro Salvador de Ferrante, a 19 de dezembro de 1928.
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Para quem hoje se propõe a falar em teatro e música, é importante conhecer o pensamento e a obra de Benedito Nicolau dos Santos - pois mesmo discordando-se de suas porposições, é necessário entender o seu idealístico trabalho na provinciana Curitiba de pouco mais de 50 mil habitantes no início do século.
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