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Aramis

Curitiba ganha mais um teatro

A cidade ganha esta semana mais um espaço cultural. Dos 13.417 metros quadrados do edifício Egídio Pereira ( Rua Visconde do Rio Branco, n. 969 ), o chamado "Sesc da Esquina", inaugurado sexta-feira última, uma boa área foi reservada para um anfiteatro de 400 lugares. E o primeiro espetáculo estréia amanhã à noite - a comédia "Por Telefone ", de Antônio Fagundes. Assinalando o início das atividades de um novo grupo, que aliás, promete ser muito atuante, " Por Telefone "tem dois intérpretes - a já conhecida Regina Bastos e o jovem Mário Schoemberger. O espetáculo foi concebido "em delírios e divagações ", como explica, de forma bem humorada, Francisco Nogueira, 3l anos, 8 de atividades artísticas. A iluminação é de Beto Bruel, o melhor profissional na área. A temporada irá até 29 de setembro. No final do ano, o espetáculo voltará a ser apresentado no período de 25 de novembro a 12 de dezembro. xxx Com a inauguração do que se pode chamar de "Teatro do Sesc", no suntuoso edifício que acolhe a Federação do Comércio, a administração regional do Sesc e o Centro Desportivo Social, Curitiba ganhou mais um teatro, que eleva para mais de uma dezena os auditórios disponíveis na Capital paranaense. Não se pode justificar, portanto, a timidez artística com a falta de auditórios. O problema está no marketing, na forma administrativa e operacional de cada espaço. Há os auditórios oficialmente reservados a atividades artísticas - como os da Fundação Teatro Guaíra e Fundação Cultural. Há o Teatro da Classe, bem localizado mas pessimamente administrado, a tal ponto que sequer as programações ali apresentadas são comunicadas à imprensa. Há auditórios que só são cedidos para eventos especiais ou aqueles espaços precariamente mantidos, como o do auditório do Colégio Estadual do Paraná, há mais de 10 anos, necessitando de uma completa reforma. xxx Espera-se, ao menos, que não aconteça com o nascente "Teatro do Sesc "o mesmo que ocorreu com o Teatro do Sesi, na Avenida Cândido de Abreu, ao lado do edifício Lydio Paulo Bettega. Inaugurado há quase 10 anos, com 500 poltronas e um espaço de palco enorme ( que abriga, ao fundo quadras esportivas ), o que lhe daria condições de ser um misto de pequeno auditório do Guaíra com o palco do grande, o Teatro do Sesi é totalmente vetado a espetáculos de teatro para adultos. Em virtude do excesso de conservadorismo dos diretores da Federação das Indústrias do Estado do Paraná, em especial do setor ao qual está subordinado, o espaço passou a ser negado a qualquer grupo que ali tente se apresentar. Aconteceram, é verdade, algumas boas encenações naquele auditório - as peças "Lição de Anatomia ", "Curitiba Velha de Guerra ", "Caixa de Sombras "- etc. - mas os palavrões assustaram o médico Ayrton Ricardo dos Santos, administrador do teatro, que, a partir de então, passou a vetar "espetáculos pornográficos ". Só suaves peças infantis são apresentadas ali. E assim um ótimo auditório, bem localizado, raramente abre as portas à comunidade. xxx Numa época de abertura democrática, um auditório não pode ser fechado a espetáculos - polêmicos que sejam. A época da censura e da intolerância espera-se já tenha passado. Que o Teatro do Sesc, que abre amanhã já inicie sem esse pecado original. É nossa esperança e são nossos votos.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
20
17/09/1985

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