Conversas com Adherbal e o teatro para leitura
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 09 de março de 1988
Quem chega a Curitiba nesta semana é Adherbal Júnior, cearense há anos radicado no Rio de Janeiro, um dos mais criativos diretores de teatro surgidos nos anos 70. Vem a convite da produtora Sônia Garcia para fazer a parte cênica do super vídeo-clip "O Escravo", de Carlos Gomes, que com ajuda da Fundação Teatro Guaíra será rodado na Ilha do Mel. O coral sinfônico do Guaíra participará desta produção, num apoio para que a Fundação Educativa, do Rio de Janeiro, tenha em breve um vídeo a ser apresentado em toda a cadeia de TVEs do Brasil. Menos no Paraná, onde não existe televisão educativa.
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Falando em Adherbal o Instituto (agora Fundação) Nacional de Artes Cênicas está lançando uma nova coleção, "Conversas com diretores de teatro", inaugurada justamente com o volume do uruguaio Rubens Castillo em que são reproduzidos os longos papos que teve com Adherbal em 1984 e 1985, quando passou temporadas em Montevidéu, por ocasião das Mostras Internacionais de Teatro. Em forma de entrevista, falando longamente de suas experiências intelectuais e profissionais, Adherbal oferece importantes informações sobre o teatro de sua geração. Um livro interessante, sobre tudo informativo, e que, se espera tenha seqüência com outros depoimentos.
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Falando em Inacem, o presidente Carlos Miranda vem sabendo manter o ótimo programa editorial que seu antecessor, Orlando Miranda ali implantou. Assim, mais três volumes estão saindo agora - e fica aqui o registro para os interessados. Na coleção Clássicos do Teatro Brasileiro saiu o volume 3 do "Teatro de Artur Azevedo" (1855-1908), reunindo as peças "Herói à Força", "O Barão de Pituaçu", "Mercúrio", "A Almanjarra", "O Homem, Fritzman" e "Viagem ao Paranaso". Inclui ainda um estudo de Antônio Martins de Araújo, responsável pela coordenação dos textos (533 páginas, Cz$ 200,00).
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Baseada em farta documentação referente a congressos, festivais e outros eventos promovidos pelas diversas federações estaduais e a Confederação Nacional do Teatro Amador, Maria Helena Kuhner, incansável pesquisadora e dramaturga, oferece em "Teatro Amador: Radiografia de Uma Realidade" (374 páginas, Cz$ 200,00), a história do teatro amador no Brasil entre 1974/86. Um livro, generosamente documentado, que representa uma obra informativa e oportuna para a bibliografia do teatro no Brasil - que tem crescido graças aos esforços do Inacem.
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Salutar que o Inacem se preocupe também em registrar o teatro de revista e o circo. Por exemplo, Roberto Ruiz já publicou "O Teatro de Revista no Brasil - Das Origens à I Guerra Mundial" e "Hoje tem Espetáculo - As Origens do Circo no Brasil". Agora, temos "De Pirandello a Piolim: Alcântara Machado e o Teatro no Modernismo", de Cecília de Lara (153 páginas, coleção ensaios). Pouco gente sabe que Antônio Alcântara Machado, mais conhecido como autor de contos como "Brás, Bexiga e Barra Mansa", foi também um homem ligado ao teatro, e em seu estudo, Cecília de Lara mostra também a contribuição cênica de Piolim no próprio movimento modernista em São Paulo. Obra de muitas pesquisas, "De Pirandello a Piolim" oferece interessantes informações a quem deseja saber mais sobre o teatro popular brasileiro.
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Outra coleção interessante que o Inacem vem editando: volumes com a íntegra dos debates no Ciclo de Palestras sobre o Teatro Brasileiro, realizados entre 1985/87. Foi uma verdadeira revisão do teatro brasileiro, pois cada palestra constituiu um depoimento sobre movimentos e experiências pessoais de criação. Por isto, pelo valor documental, a edição dessas palestras - e os respectivos debates - constituem iniciativa meritória. A primeira série abrangeu as palestras de Augusto Boal, Yan Michalski, Maria Helena Kuhner, José Renato, João das Neves e Paulo Autran. A segunda - a sair este ano - inclui Fernando Peixoto, Tônio Carvalho, Antônio Machado e Luís de Lima. E na terceira em fase de revisão pelos autores, estão João Bethencourt, Plínio Marcos e José Wilker.
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