Teatro, a queixa do pessoal amador
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 13 de novembro de 1987
Orgulhando-se de seu passado de ator e diretor do teatro amador - que fez em sua adolescência, ao lado de seu amigo Ary Fontoura - o secretário René Dotti, da Cultura, ficou, naturalmente, preocupado com os termos da "Carta de Cascavel", aprovada no dia 1º de novembro, na assembléia geral da Federação Independente de Teatro Amador do Paraná. No documento, os idealistas que lutam pela preservação do teatro amador fazem algumas observações críticas, que naturalmente, sensibilizaram Dotti - preocupado em ter o melhor relacionamento com a classe.
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A primeira crítica da FITAP é "a grande morosidade que vem ocorrendo nos repasses de verbas já orçadas e aprovadas de cursos e eventos programados, inclusive alguns já realizados há algum tempo".
Outras críticas: a falta de uma definição ainda, de uma política cultural a nível de Estado - e a atual situação da Divisão de Amadores em Artes Cênicas da Fundação Teatro Guaíra que se encontra indefinida, causando a apreensão do movimento amador.
Embora assessorado por duas pessoas intimamente ligadas ao teatro -
o ex-superintendente do Guaíra, Sale Wolokita e o advogado Paulo Motta, seu ex-chefe de gabinete e que foi aluno do curso de Artes Cênicas, o secretário René Dotti recebeu uma cobrança dos amadores pelo "não cumprimento de promessas feitas no sentido de se encaminhar um processo de transformação da Comissão Estadual de Artes Cênicas, atualmente um mero setor de assessoria do Sr. Secretário, para um Conselho Estadual de Artes Cênicas, com poderes deliberativos".
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A FITAP também é contra a vinda de críticos de teatro do eixo Rio-São Paulo para o julgamento de editais de qualquer espécie, o que "caracteriza um total desprestígio aos companheiros das artes cênicas do Paraná". Em relação a este item, um problema: o Paraná continua sem críticos de teatro com atuação regular.
Curiosamente, há 30 anos, havia uma crítica teatral atuante, incluindo o próprio René Dotti, que escrevia no "Diário do Paraná", enquanto Rogério Dellê fazia coluna no extinto "O Dia"; P.A. do Nascimento na "Gazeta do Povo" e Nelson Faria de Barros (hoje chefe da assessoria de imprensa da FTG) escrevia aqui em O Estado do Paraná. Existia até uma Associação de Críticos de Teatro, que anualmente fazia suas indicações dos melhores do ano.
A imprensa cresceu, surgiram novos espaços e veio uma nova geração. Mas regularmente, são raros os jornalistas que escrevem sobre teatro - inclusive com enfoque crítico. Oracy Gemba, anos atrás, manteve uma colaboração regular - mas que ficou incompatibilizada com sua atividade de diretor (aliás, após 7 anos, volta a dirigir uma peça "Vereda da Salvação", de Jorge de Andrade, estréia dia 17, no auditório Salvador de Ferrante). Marcelo Marchioro, que se apresentava como uma promessa de crítico, também se afastou quando assumiu, no governo Ney Braga, a direção de arte e programação do FTG - e hoje, passando longas temporadas, em São Paulo, quer fazer teatro profissionalmente.
Celina Alvetti é uma das poucas jornalistas que analisa o teatro, criticamente, em Curitiba. Assim mesmo com uma grande dose de tolerância e boa vontade.
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