Maranhão mostra nosso teatro em caricaturas
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 21 de junho de 1990
Há quase 50 anos em Curitiba, um dos fundadores do Teatro do Estudante do Paraná - grupo ao qual se dedicou por toda sua vida - Armando Maranhão é uma das memórias de nossa vida cênica. Modesto, sem buscar a autopromoção, Maranhão - nascido no Estado que carrega em seu sobrenome - tem um curriculum dos mais expressivos nas batalhas do teatro amador e foi, sem dúvida, um dos três maiores amigos de Paschoal Carlos Magno, fundador do Teatro do Estudante do Brasil (1938) e que se dedicou, até a sua morte, a realizar congressos, festivais e outros eventos culturais.
Único escultor formado nos 42 anos de existência da Escola de Música e Belas Artes do Paraná - mas tendo preferido "esculpir" peças teatrais do que em outros materiais. Maranhão se dedicou sempre ao magistério e ao teatro amador. Responsável pelo Museu da Fundação Teatro Guaíra, guarda muito de nossa história artística e, portanto, tem muito a contar. Sua habilidade como caricaturista é apenas uma das facetas de sua personalidade. Entretanto, ao invés de suas esperadas memórias, que tanto enriqueceriam a nossa pobre bibliografia teatral, temos agora a edição de suas "Caricaturas Teatrais" (edição da Secretaria da Cultura), que ganhou forma graças a cobrança que o ator Emílio Pitta fez do secretário René Dotti, por ocasião da penúltima festa de entrega dos troféus Gralha Azul. Generoso, cumprindo o que havia prometido, René determinou a Teresa Cristina Montecelli, coordenadora editorial da pasta, a edição do livro, que ficou pronto nesta semana.
Independente do valor que o livro tem (e da forma com que Maranhão caricaturou seus amigos de teatro, entre os anos 40/70), é lamentável apenas que a obra não tivesse sido enriquecida com textos biográficos mais completos. Acumulando a dupla criação - desenhos e textos, o bom Armando Maranhão não se preocupou em detalhar quem são os focalizados e inclusive cometendo enganos em sua generosidade (ao menos em nosso caso, já que atribui a condição de jurado nos festivais de cinema de Gramado, que nunca exercemos; fomos apenas jurados na área dos curta-metragens no III FestRio). Especialmente em relação aos caricaturados já falecidos, a falta de informações mais precisas prejudica a indicação desta obra como referência. Dentro da pobreza editorial de nossas artes cênicas - e sabe Deus quando haverá outro secretário da Cultura com a mesma disposição de René Dotti (ator em sua juventude) em prestigiar trabalhos como este - o livro poderia ser uma espécie de minidicionário teatral. Para tanto, faltou apenas uma sugestão ao autor - que, por certo aceitaria - e um pouquinho menos de pressa em seu lançamento.
Entretanto, que esta observação não pareça crítica. As caricaturas de Maranhão são válidas em terem perpetuação e ajudam a que se conheça melhor quem fez alguma coisa pelo teatro nesta nossa Curitiba.
LEGENDA FOTO - Maranhão: caricaturando o teatro paranaense.
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