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Aramis

Fotos e poesias para mostrar a bela ilha em todo o mundo

heróis, mares, nautas, marinheiros cochicham séculos e horizontes à deriva nas marés com algas do mar brasileiro o que e pedra e forte são rochas vivas (Wilson Bueno) A Ilha do Mel, em seu encanto natural, seu significado como parte da própria história paranaense, com suas praias e enseadas belíssimas, a fortaleza imponente e, sobretudo, um referencial básico do litoral paranaense, há muito que vem sendo cantada em prosa, verso e imagens por dezenas de seus mais sensíveis apaixonados. Francisco Kawa, um dos mais competentes fotógrafos paranaenses, que morreu, tragicamente, na Ilha do Mel, quando ali passava um final-de-semana, foi um dos profissionais de imagens que melhor a fotografou - merecendo, aliás, há muito que se edite um álbum com suas imagens - não só de nosso litoral, mas de tantas outras regiões capturadas por sua visão de fotógrafo inovador. Helmuth Wagner, de quem agora sai o álbum "Ilha do Mel", buscou dar a sua visão da Ilha, em seus 2.762 hectares, buscando imagens das grutas da Ponta Encantada, praias de Fora, do Miguel, Grande, da Ponta do Joaquim, o Farol das Conchas - enfim, de todos os locais, que, cada vez mais procurados por turistas e, especialmente, pelos que ali conseguiram seus próprios espaços - numa disputa que tornou a Ilha das mais valorizadas. Hoje, possuir uma casa, por mais modesta que seja (e nem seria compatível construções sofisticadas naquele espaço) é mais valioso do que ter um duplex em Caiobá ou uma mansão em Guaratuba - para só ficar em exemplos estaduais. xxx Sem entrar no histórico discursivo da Ilha do Mel (seu passado nos anos 40, antes da II Guerra Mundial, quando as mais tradicionais famílias alemãs de Curitiba descobriram aquele paraíso incrustado no Atlântico), o álbum traz um esclarecedor texto do professor João José Bigarella. Presidente da Associação de Defesa em Educação Ambiental, geólogo de prestígio internacional, discípulo do grande Reinhaard Maack - primeira voz a denunciar a destruição do meio ambiente no Paraná, Bigarella e sua esposa, Dona Íris, há muito levantaram bandeiras em defesa da Ilha do Mel. Hoje, são mIlhares de pessoas - especialmente jovens, que, freqüentando regularmente ou não a Ilha, têm se empenhado pela sua conservação. Se assim não fosse, há alguns anos um poderoso grupo português ali teria implantado seus tentáculos à quisa de um complexo internacional de turismo, apressando a destruição ecológica não só da Ilha mas da região - tão agredida que tem sido ao longo dos últimos anos. Se as imagens belíssimas de helmuth Wagner, na perfeita distribuição do espaço nas páginas deste álbum destinado a correr o mundo, iluminam o olhar pela sua beleza cromática e o texto de Bigarella traz informações científicas sobre a Ilha - sua formação geológica, sua importância etc. - há também a palavra dos poetas. Numa prova de sua sensibilidade também para as letras, Teresa Cristina Montecelli soube buscar as palavras exatas de poetas paranaenses que vivem, respiram e amam a Ilha - seja o velho bardo litorâneo Alberto Cardoso, ou o interiorano Wilson Bueno, editor do "Nicolau" - que mesmo pouco afeito as coisas do mar, também se deixou seduzir pela beleza da Ilha. Reinoldo Atem, misto de poeta, publicitário e dramaturgo e Alice Ruiz - num belo poema (que, para a versão em inglês, foi traduzido por Paulo Leminski), também comparecem com suas mensagens - aos quais, até Bigarella, homem acostumado ao rigor preciso do texto científico, viu transformar-se em diagramação de poesia, a introdução do ensaio que preparou para esta edição belíssima - e que, na semana passada, teve ou seus primeiros exemplares entregues pela Imprensa Oficial do Estado.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
21/01/1990

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