No campo de batalha
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 07 de junho de 1979
Como "trailler" da mostra de Lauro "Paiva", um artista plástico de preocupações ecológicas, a Acaiaca já está mostrando uma de suas mais interessantes criações. São individual será a 3 de julho. *Quem pensava que os "almanaques" editados com patrocínio de laboratório e distribuídos pelas farmácias desapareceram - e com eles toda uma tradição da comunidade escrita que, por década, tinha grande força, principalmente no Interior, pode saber que o "Capivarol" está comemorando seu 60.º ano de circulação ininterrupta. Com 32 páginas, editado pelo Ememaiusculo Publicidade, dirigida por Clóvis Vieira de Belo Horizonte, não tem, entretanto, o sentido de utilidade pública que caracterizava os almanaques do passado. Ao contrário, aderiu aos horóscopos mais ingênuos, com fotos de artistas populares - de Roberto Carlos (naturalmente!) a Mara Rubia. * Enquanto no teatro do Sesi, um novo grupo semiprofissional, dirigido por Rogério Delê, veterano ator amador doa anos 50, estreou na última semana, na mais completa obscuridade, um espetáculo intitulado "Flagrante do Rio", com 3 textos escritos por Silveira Sampaio (1914-1965), há 28 anos passados, desde ontem, no Paio, outro grupo que tenta a profissionalização - o NPM - encena "Pão e Circo", com direção de Nautílio Portela. Só que o produtor-diretor não se preocupou em fazer a menor divulgação não informando sequer o nome do autor do texto, elenco etc, - embora a temporada estenda-se até o dia 14, com ingressos a Cr$ 80,00 e Cr$ 40,00. Aliás, é curioso como certos espetáculos são montados na cidade, na base do silêncio, sem que seus responsáveis busquem motivar o público - e depois, obviamente se queixem de casa vazias. Já há atores-empresários como o casal Lota Moncada-José Plínio que montam um esquema de autopromoção tão grande capaz de fazer com que seus espetáculos tenham sempre muitos espectadores - tanto é que "Ponto de Partida", de Gianfrancesco Guarnieri, direção de Antônio Carlos Kraide, apesar das limitações artísticas apontadas pela crítica - inclusive no lúcido texto que Marcelo Marchioro publicou em "Fim-de-Semana" no dia 25/5/79, tenha merecido uma prorrogação por mais uma semana no Paiol.
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