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Aramis

As pesquisas de Solange no Festival de Brasília

Os dois adiamentos que a 21ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro sofreram acabaram prejudicando a pesquisadora Solange Straube Stecz, de Curitiba. É que como integrante do Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro, Solange teve lançado durante a reunião desta instituição, num dos eventos paralelos do Festival de Brasília, o seu estudo "Jacarezinho, A Cidade Rainha do Norte do Paraná" (ensaio sobre o primeiro filme da década de 40 sobre o norte pioneiro), na manhã de segunda-feira, 31 de outubro. Só que no domingo, 30, havia acontecido o lançamento da publicação na Cinemateca do Museu Guido Viaro - na qual Solange é assessora - foi impossível comparecer a Brasília, na hora marcada. Chegou somente na segunda-feira a tarde, mas a tempo de receber os cumprimentos pela profunda pesquisa que, em colaboração com Thelma Penteado Lopes, realizou sobre o filme que, realizado em 1947, por Agiz Carneiro Bechara, da Metrópole Filmes de São Paulo, duração de uma hora e vinte minutos, rodado em 35mm, é hoje um importante documento sobre a colonização do Norte pioneiro. Lamentavelmente, ainda não foram conseguidos recursos para a restauração completa da cópia, havendo apenas alguns trechos que podem ser exibidos. O estudo de Solange e Thelma foi publicado no volume 4 dos "Cadernos de Pesquisa" do Centro de Pesquisadores do cinema Brasileiro/Fundação do Cinema Brasileiro, no qual está também o estudo sobre "O Cinema em Curitiba". Em 38 páginas, as estudantes Giselle Maria Lozza Carvalho, Wânia Savazzi e Patricia Maria Meirelles Nasser fizeram um levantamento sobre as primeiras sessões de cinema em Curitiba entre 1897/1912 - tema que teve na série de reportagens "Cinema, Cá Entre Nós", que publicamos em O Estado do Paraná em 1965, os primeiros registros (embora as "pesquisadoras" não tenham feito referência a este pioneiro trabalho, por sinal premiado no concurso de reportagens da Prefeitura de Curitiba há 23 anos). Solange Stecz há dois anos já havia publicado um estudo sobre "Referências sobre Filmagens e Exibições Cinematográficas em Curitiba - 1892-1907". Se Solange Stecz não chegou a tempo para a reunião dos pesquisadores de cinema na qual seria homenageada, o cineasta Fernando Severo ali ocupou o espaço para após uma nova exibição de seu premiado "O Mundo Perdido de Kozak", e falar sobre o trabalho que o checo-curitibano Vladimir Kozak (1897-1979) realizou no Brasil a partir de 1930 - e que permanecia esquecido até este ano, quando, graças ao seu filme, começou a ser devidamente valorizado. xxx Muitas comunicações importantes foram feitas nas duas reuniões do Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro. Marco Antonio Guimarães, técnico do Centro Nacional de Referência Cultural - e que por 7 anos foi o grande diretor do Festival de Cinema de Brasília - coordenou em Cataguazes um amplo projeto de memória e patrimônio cultural, do qual resultou importante documentação não só em torno da obra que Humberto Mauro (1897-1983) ali desenvolveu, mas também de outros aspectos da cultura naquela cidade mineira - documentadas numa pulbicação de 120 páginas editada pela Universidade Federal de Minas Gerais. A pesquisadora Selda Vale da Costa, de Manaus, mostrou os primeiros exemplares de sua dissertação de mestrado em Ciências Sociais, pela USP-SP, sobre o pioneiro cineasta amazonense Silvino Santos (1886-1970). Em "Eldorado das Ilusões - Cinema e Sociedade" (447 páginas), Selda não fica apenas na revisão do cinema de Silvino (sobre quem já publicou um livro), mas mergulha na área da antropologia e sociologia. Cosme Alves, diretor da Cinemateca do MAM-RJ, incansável em sua atuação cultural (seu nome tem sido lembrado como a solução para dirigir a Fundação do Cinema Brasileiro, hoje praticamente acéfala já que Afonso Beato se encontra nos EUA, fotografando o novo filme de Jim McBride), exibiu quatro interessantíssimos trechos de filmes recuperados recentemente: "Eine Brasilianich", dos irmãos Eichhorna, realizado em 1936, na Amazonia (e cópia cedida pela Cinemateca da Alemanha Oriental) - com imagens lembrando Eisenstein; um cine jornal de 1936, do antigo INCE, sobre a transferência dos restos mortais dos Inconfidentes mineiros da África para o Brasil e dois documentários sobre o Brasil na II Guerra Mundial: um trecho do cinejornal americano "United News" (1942) e um documentário pertencente a Cinemateca do Exército, que agora começa a liberar seus filmes para a Cinemateca do MAM, confiante no excelente trabalho que Cosme ali realiza.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
08/11/1988
Solange, voce é divina - rever no teu filme a escola onde estudei quando tinha 7 anos, foi o melhor presente da minha vida. Completo 57 em janeiro. Tomara que voce consiga ajuda para recuperar o restante da película. um abraço.

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