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Aramis

Vietnã com humor e a morte de Moro entre as estréias

Depois de tantos filmes que trataram a guerra do Vietnã com seriedade e dramaticidade, enfim uma comédia: "Bom Dia, Vietnã", de Barry Levinson - que valeu a Robin Williams a indicação de melhor ator-88. Embora com muitas piadas tipicamente americanas e um humor (de certa forma amargo) este filme realizado pelo mesmo diretor do excelente "Quando os Jovens se Tornam Adultos", se constitui numa das melhores estréias da semana. Nos EUA, "Good Morning, Vietnam" teve grande sucesso e valeu a Robin Williams (que anteriormente fez "Popeye") indicação ao Oscar-88. Popular naquele país, mas ainda desconhecido no Brasil, Williams é Adrian Cronauer, um animador de programas de rádio que atua num prefixo de Saigon, no início do envolvimento americano. Em ritmo de comédia cáustica - mas sem a linha que Robert Altman imprimiu em "Mash" - o filme de Levinson faz também sua crítica à intervenção americana no Sudeste asiático e na história o radialista Cronauer se envolve com uma garota vietnamita que tem um irmão guerrilheiro. Surgem conflitos e há momentos de reflexão, embora parte do humor não passe nas legendas - pois a linguagem de Williams é contextualizada em excesso. Uma curiosidade: o segundo papel, de Edward Garwick, é interpretado pelo ator negro Forest Whitaker, que em "Bird" vive Charlie Parker (Cine Bristol). Coincidindo com o julgamento de algumas dezenas de integrantes das Brigadas Vermelhas, na Itália, a estréia de "Aldo Moro - Herói e Vítima da Democracia" de Giuseppe Ferrara traz aquele cinema político, que Gian Maria Volonté - ex-deputado pelo Partido Comunista Italiano, tanto gosta de fazer. Moro pretendia um governo de colisão mas não conseguiu seu intento. Após 54 dias de prisão pelas Brigadas Vermelhas foi assassinado (9 de maio de 1978). Um período de crise política e tensão e ele terminou como mais uma vítima do terrorismo de nossos dias. Giuseppe Ferrara, 56 anos, ex-jornalista cinematográfico, fundador da revista Film Selezione, documentarista sempre voltado ao político (em 1984 fez "Cento Giorni e Palermo", sobre a vida e a morte do general Dalla Chiesa, envolvido no caso Moro, também assassinado), não poderia deixar passar um assunto tão atual. Volonté, ator que tem sempre marcado sua carreira por papéis fortes em filmes de fundo político, aceitou fazer Aldo Moro e o resultado é um filme importantíssimo, que, se esperam consiga permanecer no mínimo duas semanas em cartaz. Afinal, trata de assuntos atuais, ainda não resolvidos e sobre os quais carecemos de maiores informações. (Cine Ritz, cinco sessões). As outras estréias são de menor importância: um musical para platéias latinas, estrelado pelo ex-menudo Robby Rosa ("Salsa", de Boaz Davidson, Cine Palace Itália), outra sobre complicações entre um viúvo com vários filhos (Kurt Russel) e uma grã-fina desmemoriada (Goldie Hawn) em "Um Salto para a Felicidade" (Cine Lido II) e uma comédia sem maiores referências: "Os Trapaceiros da Loto" (The Squeeze), de Roger Young, com Michael Keaton, John Davidson e Rae Dayn Shog (Cinema I, 20/22 horas). REPRISES: Muitas reprises, dando segunda (ou terceira, ou quarta) oportunidade a quem ainda não viu. Por exemplo, "Apocalipse Now", 1979, de Francis Coppola, com Marlon Brando, Robert Duvall, Martin Sheen, Frederick Forrest, sempre é bom rever em tela ampla (Cine Groff, às 14, 17 e 20h30). "As Sete Vampiras", comédia, na linha terrir, de Ivan Cardoso ("A Múmia"), com bonitas mulheres (Nicole Puzzi, Andréa Beltrão, Simone Carvalho), o cantor Léo Jaime e até o curitibano Ariel Coelho num "terrível" personagem, retorna no Luz. No Guarani, volta a "Banana Split", uma tentativa nostálgica de Paulo César de Moraes, André Felippe - todos em início de carreira - e mais alguns veteranos, como Walmor Chagas e Wilson Grey. O CASAMENTO DOS TRAPALHÕES ainda não esgotou suas possibilidades e retorna nas sessões vespertinas do Cinema I (14 e 16 horas; às 18 nos sábados e domingos). CONTINUAÇÕES - E os filmes que estão com bilheteria razoável são mantidos em cartaz: "Cocktail", de Roger Donaldson (que nos EUA rendeu US$ 80 milhões), com Tom Cruise - ao lado de gente ainda desconhecida (o expressivo Bryan Brown, Elizabeth Shue, Lisa Adams), apesar de não resistir a uma análise mais rigorosa está entusiasmando a faixa jovem e deve continuar por mais duas semanas - ajudado por uma balançante trilha sonora (no Astor). Também "U-2 - Rattle & Hum", o documentário sobre a excursão americana do grupo irlandês U-2 (trilha sonora editada pela WEA) tem na garotada um público seguro (Lido I, 4ª semana). Aos fãs de terror explícito, duas opções: "A Hora do Pesadelo 4", de Renny Marlin, com Robert Englund (Cine Itália) e "A Hora do Espanto - 2" (São João). A ternura de "Cocoon - o Retorno", de Daniel Petrie, faz o filme dos velhinhos liderados por Don Ameche, continuar a encantar a platéia do Plaza. No Condor, continua "Jorge, um brasileiro", de Paulo Thiago, que tem bons momentos e uma bela trilha sonora de Túlio Mourão. LEGENDA FOTO 1 - Depois de ser Charlie Parker, Forrest Whitaker é um sargento em "Bom Dia, Vietnã", uma visão com humor da guerra do Vietnã. Em exibição no Bristol. LEGENDA FOTO 2 - Uma comédia familiar, capaz de agradar: "Um salto para a felicidade" (Lido II).
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Cinema
8
10/03/1989

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