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Aramis

Lua-de-mel no mais soft dos festivais de cinema

Gramado O mais soft dos festivais de cinema brasileiro em muitos anos terminou em clima de total lua-de-mel na noite de sábado, 10. Um público que não chegou a superlotar, como em edições anteriores, o Palácio dos Festivais (cine Embaixador) recebeu com aplausos educadíssimos os resultados da premiação e saudou, sem qualquer manifestações de protestos, autoridades ali presentes - o embaixador Paulo Sérgio Rouanet, secretário da Cultura da Presidência da República e o governador Alceu Collares, do Rio Grande do Sul. Um clima asséptico, tranqüilíssimo - em contraste do que aconteceu há um mês, no Festival de Brasília, fez deste 19º Festival do Cinema Brasileiro um exemplo de precisão suíça, graças ao know-how de seu experiente diretor-executivo, o capixaba (mas gramadense de adoção) Esdras Rubin, comandando uma equipe de mais de 100 pessoas. Assim, tudo correu na mais perfeita ordem, sem protestos - tão comuns de acontecerem em eventos desta natureza. O secretário Rouanet reuniu-se com os diretores, produtores, artistas e jornalistas pela manhã e tarde de sábado, mostrou toda sua diplomacia numa clima de maior boa vontade, pois na quinta-feira, o Programa Nacional de Financiamento da Cultura - já chamado Lei Rouanet - havia sido entregue, em Brasília, ao presidente Collor, que prometeu pedir aos líderes do governo no Congresso a tramitação em regime de urgência (se aprovada a Lei terá 60 dias para ser regulamentada). Portanto, mesmo os mais impacientes cineastas - como o paranaense Sérgio Bianchi, que gastou até suas últimas economias para fazer as filmagens de seu terceiro longa ("A Causa Secreta"), e veio para Gramado de ônibus, sem dinheiro, foram tranqüilos, e educados e nas indagações ao Secretário da Cultura, como havia feito em Brasília, Rouanet mostrou que seus muitos anos de Itamarati lhe ensinaram muito: sem comprometer-se, deixou todos esperançosos e felizes. Mostrando competência, conhecimento e sensibilidade para os problemas do cinema brasileiro, foi, indiretamente, a estrela mais positiva para iluminar os caminhos da produção audiovisual que voltou a acreditar que dias melhores virão. A época negra de Ipojuca Pontes parece ter chegado mesmo ao fim.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
24
13/08/1991

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