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Aramis

Angélica e Xuxa na dança dos milhões

De dois shows das "ídalas" da geração 90 - Angélica (hoje, Estádio Couto Pereira) e Xuxa (mesmo local, dia 25 de novembro), ao intimismo de vozes ainda a serem devidamente reconhecidas - como de Yana Purim (temporada há duas semanas, no Habbeas Coppus) e Fortuna (dias 20 e 21, Auditório Antônio Carlos Kraide do Centro Cultural do Portão), além de tentativas de produtoras do nível de Verinha Walflor em incluir uma passagem da superstar Maria Bethânia pelo grande auditório do Guaíra ainda este ano (na qual, segunda-feira, 9, esteve sua principal rival, Simone) são alguns exemplos de que as vozes femininas agradam baixinhos e adultos - numa dança de milhões de cruzados. Nestas alturas já convertidos em valores dolarizados pelos empresários mais espertos. A inesperada apresentação de Angélica neste Dia da Criança - decidida há poucos dias, numa soma de esforços que foi desde assessores do governo (para que a data dos baixinhos não ficasse em brancas nuvens) até os fabricantes de Sukita - custará caro, mas não tanto quanto o supershow que ameaça embranquecer precocemente os cabelos do jovem Dino Bronze, 23 anos, em sua primeira grande produção local. Se não tivesse contratado o show da Xuxa em maio último, os valores seriam bem mais altos - pois atualmente a superpoderosa empresária da "ídala" dos baixinhos não permite que a mesma se apresente por menos de US$ 300 mil - incluindo, é claro, um superesquema de produção que envolve dez caminhões, 60 passagens aéreas, duas carretas, dois palcos e uma parafernália de som e luz que pesam 25 toneladas - com mais de 150 pessoas envolvidas. Angélica, a bela loirinha que de uma pequena ponta num filme dos Trapalhões transformou-se na "ídala" número 2 dos baixinhos, mesmo não chegando ao recorde de vendas de discos como Xuxa (12 milhões de cópias em 4 elepês lançados pela Sigla), também tem números ascendentes dos dois discos feitos até agora, o segundo colocado nas lojas nesta semana mas já com uma faixa ("Tic Tac") entre as dez músicas mais executadas no país. O marketing de milhões que envolve os novos fenômenos criados pela televisão - numa exploração em todos os segmentos (a atual agenda de Xuxa inclui shows no Olympia, São Paulo, iniciados dias 7 e 8 e apresentações em Londrina no final do mês e Curitiba dentro de 44 dias, é orçada no total de US$ 3 milhões) mostra novas faces do jogo bilionário do show bussiness. Produções tão caras que só se tornam viabilizadas se forem utilizados estádios como o Couto Pereira (previsão de 60 mil espectadores, 80% dos quais crianças, com ingressos entre NCz$ 10 a NCz$ 35 para o show da Xuxa) numa demonstração da força do vídeo. Também espetáculos como os de Simone e Maria Bethânia - de quem está saindo seu novo (e belo) álbum "Memória da Pele", marcando seu retorno a Polygram - alcançam cifras impressionantes, o que obriga os produtores a cobrarem preços de ingressos que ficam ao redor de 10% de um salário mínimo.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
12/10/1989

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