"Assalto " das passagens no " Jornal " do deputado
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 24 de maio de 1984
Ao meio dia de sábado, no Pasquale, tomando um chope com seu velho amigo Bayard Osna, presidente da Urbs, o deputado Roberto Requião assista, com um sorriso de satistação, interesse que seu " Relatório Urgente"despertava entre as centenas de pessoas que se acotovelam nas mesas do bar do passeio público. O minijornal que Requião editou com ajuda de um grupo de amigos é totalmente dedicado a denunciar de seu ponto de vista, a ação das empresas de transportes coletivos e o titulo da primeira página já é para irritar os empresários: "Mãos ao alto: a tarifa é um assalto".
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O deputado Donato Gulim, ligado familiar e economicamente a um dos maiores grupos que dominam o setor de transportes, foi o primeiro a protestar contra a publicação do deputado Requião. Diz que vai exigir informações sobre quem está financiando esta publicação, cuja tiragem é considerável: 400 mil exemplares, distribuidos de todas as formas ( correio, fitas de ônibus, associações de bairros etc ). O deputado Requião, em sua irônica tranquilidade, diz que a edição custou apenas Cr$ 2 milhões em papel, pois a ipressão foi feita, a titulo de colaboração, por quatro gráficas cujos proprietários se identificam com o seu pensamento.
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Interesses dos empresários dos transportes coletivos á parte e os naturais dividendos politicos que Requião espera colher junto ao eleitorado ( afinal ele não esconde que é candidato a prefeito de Curitiba em 1986 ), o fato é que o "Relatório Urgente" é um completo levantamento sobre o custo dos transportes. Formado em Jornalismo ( além de direito ), Requião orientou a equipe que trabalhou ( gratuitamente ) na elaboração do jornal - Germinal Pocá ( analista ), Tereza Urban ( editoria ). Isel Koehler ( edição gráfica ). Marilena Silva, Ostilio e Goretti ( revisão), para que os normalmente complexos e herméticos dados técnicos fossem traduzidos em linguagem de fácil compreesão. Assim, os vários pontos que são considerados na fixação dos preços das passagens ( e com base na tarifa aprovada em 1º de dezembro de ( 1983 ) são colocadas nos objetivos textos, para que, no final, Requião mostre que o lucro dos empresários e grande. Na impossibilidade de transcrever as múltiplas informações, basta ficar no parágrafo final após a análise das remunerações de veiculos operantes / reservas e expansão das frotas: " No total, a remuneração do capital corresponde, a 6,19% da tarifa.Acontece que o enorme volume de dinheiro recebido pelas empresas por dia 90 milhões certamente rende lucros financeiros. O Capital de giro aplicado no mercado financeiro traz: um retorno de, pelo menos, 400 milhões por mês o que significa 17 novos ônibus. Isto não é calculado e não serve para abater no preço final da passagem as vantagens que as empresas tem ao lidar apenas com dinheiro á vista".
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