A atual mensagem escrita em 1662
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 02 de fevereiro de 1985
Ingressamos já no segundo mês deste político e renovador 1985, ano de muitas esperanças para todos, mas que por isso mesmo exige maior responsabilidade de cada um. Assim, uma original mensagem que o professor, poeta e publicitário Rogério Bonilha distribui aos amigos, como cartão de Ano Novo (só entregue pelos Correios no final de janeiro), contém palavras que merecem reflexão. Infatigável pesquisador de textos inéditos, Bonilha foi encontrar, num arquivo da antiga Igreja de São Paulo, em Baltimore, Estados Unidos, uma mensagem datada de 1662 e que tem incrível atualidade. Com o nome de Desiderata, as palavras colhidas pelo poeta Bonilha merecem ser lidas e pensadas hoje, razão pela qual abrimos nosso espaço a esse texto tão contemporâneo escrito há 323 anos por alguém tão humilde que nem sequer deixou o nome para a posteridade.
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Caminhe placidamente entre o rumor e a pressa e lembre-se de que a paz talvez se encontre no silêncio.
Seja cordial com todos sem inclinar-se além do possível.
Diga sua verdade serena e claramente e ouça os outros, mesmo os cacetes e ignorantes; eles também têm a sua história.
Evite as pessoas ruidosas e agressivas, pois elas irritam o espírito.
Se você se compara aos outros, poderá tornar-se frívolo e amargo, pois haverá sempre pessoas maiores do que você.
Desfrute de suas realizações como também de seus planos.
Permaneça interessado em sua carreira, embora humilde; é algo realmente seu na sorte variável dos tempos.
Use cautela em seus negócios, pois o mundo é cheio de armadilhas.
Todavia, não fique cego ante qualquer virtude onde houver; muitas pessoas lutam por altos ideais; por toda parte a vida é cheia de heroísmo.
Seja você mesmo.
Especialmente não simule afeição.
Nem seja cínico acerca do amor, pois ele é perene como a relva, em face de toda aridez e desencanto.
Receba naturalmente a sabedoria dos anos e, com liberdade, as coisas da juventude.
Alimente as forças do espírito para escudá-lo de desventuras inesperadas.
Não se aflija com a imaginação.
Muitos temores nascem do cansaço e da solitude.
Além de manter salutar disciplina, seja terno consigo mesmo.
Você é filho do universo, não menos que as árvores e as estrelas, e tem o direito de estar aqui.
Claro ou não para você, sem dúvida, o universo expande-se como deve.
Portanto, fique em paz com Deus, seja qual for a sua concepção acerca d'Ele, sejam quais forem seus trabalhos e aspirações.
Na confusão rumorosa da vida, permaneça em paz a sua alma.
Com todas as suas falsidades, monotonia e sonhos frustrados, este é ainda um belo mundo.
Tenha cautela. Lute para ser feliz.
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