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Aramis

Baijamiacanos dos anos 90

A Bahia, com toda sua influência musical, se voltou aos ritmos caribenhos nos últimos anos, numa fusão com o afro-carnavalesco da boa terra, musicalmente teve um boom de solistas, grupos e compositores através da Continental, sempre viva em termos de aproveitamento de ciclos regionalistas. Entretanto, o astuto André Midani não dorme de touca e assim a WEA também entra na mesma linha, reunindo seis nomes do que se pode chamar de nova safra no álbum "Bahia". Alguns dos selecionados para esta produção que tem o dedo do sempre atento Roberto Sant'Ana (que, entre outras revelações no mercado, fez as de Elomar, Quinteto Violado, Zizi Possi, etc.) estão Lazzo (que, por sinal, o mesmo Sant'Ana trouxe para a Polygram, anos atrás, mas sem maior sucesso) e Missinho, cada um com direito a duas faixas. Os outros baianos, com toda sua ginga neste álbum-apresentação, selo Nosso Som, são Jorge Zarath, Marcionílio, Roberto Mendes e Zelito Miranda. Mesmo que voltado, basicamente, para o mercado nordestino, o fato é que neste disco pau-de-sebo estão artistas que, dentro das regras nem sempre explicáveis do show business, em breve poderão estar em veredas pavimentadas de prosperidade. xxx Da Bahia também vem Rei Zulu (?), apresentado como "um dos mais criativos músicos baianos", autor de "Madagáscar Oludum" (sucesso nas bandas Oludum e Reflexu's), que com a mão firme do radialista Cristóvão Rodrigues (em Salvador, as emissoras prestigiam mesmo os talentos locais) catapultou seus primeiros sucessos ("Liberte Mandela", "Alfabeto do Negão" e "Uma História"). No ano passado, Rei Zulu saiu com um disco, mas apenas liderando a sua banda Tomalira. Agora, Rei Zulu (desconhece-se seu nome verdadeiro, idade, etc.), ganha seu álbum solo ("Minhas Origens", Polygram), que abre com um merengue jovial (?), "Rhu e Rha", segue com "Venha me Amar", samba reggae com percussão de blocos afro e tem dois sambas duro arrastão (?) - "Tia Núbia" e "Cambalacho". Encerra o lado dois "Odará" - não é o sucesso do Caetano, mas do próprio Rei Zulu - autor, aliás, de todas as faixas, com músicas que falam do dia-a-dia na beira da praia ("História de Pescador"), ironiza os vudus ("Galera do Bem e do Mal"), mas traz também misticismo e religiosidade em "Maré do Goro", além de homenagear ao "meu pai e todos os amantes da birita". Dois baianos em ascensão - Carlinhos Brown, autor de "Meia Lua Inteira" (incluída por Caetano em seu disco e show "O Estrangeiro", e a afinada cantora Margareth Menezes (que dividiu alguns shows com Gilberto Gil), estão presentes, dando uma força especial neste elepê que traz mais um baiano para a praça.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
18
05/11/1989

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