A boa arte que a Sul América traz
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 23 de outubro de 1983
Há mais salutar concorrência entre dois dos maiores grupos seguradores do Brasil no financiamento de projetos artísticos: a Sul América e a Internacional de Seguros. assim é que se a Internacional de Seguros editou, durante 4 anos, preciosos álbuns duplos sobre tesouros da MPB, a Sul América de seguros, a partir de 1982, decidiu bancar as gravações das Bachianas de Vila Lôbos, com a Sinfônica Brasileira, sob a regência de Issac Karabitchevski. Agora, a Internacional de Seguros patrocinou o elepê da Orquestra de Câmara de Blumenau, sob regência do curitibano Norton Morozowicz, que incluiu, entre outros autores, Henrique Morozowicz e Bento Mossurunga.
x
* Mas a disputa não fica apenas na música e, felizmente, se espraia em outros setores . Por exemplo, é a Sul América que está bancando a mostra de obras da Coleção Tamagni, a partir do dia 24, segunda-feira, no Museu Guido Viaro. É, aliás, a primeira de uma série de exposições que o Museu de Arte Moderna de São Paulo organiza com seu acervo em diferentes capitais brasileiras - levavas graças aos amplos e fartos recursos da seguradora.
xxx
Um bem preparado release informa que o conde Carlo Alessandro Tomagni nasceu em Mantova, na Itália e tem uma história << lírica >>: menino ainda, gostava de falar com os camponeses da propriedade de seu pai e acabou se tornando comunista fervoroso, tendo que, na década de 30, escapar dos fascistas, vindo para o Brasil. Aqui foi preso por um ano no Rio, mas ao sair da cadeia foi para São Paulo, onde fundou uma indústria gráfica que o enriqueceu. Começou a comprar obras de arte e foi um dos fundadores do Museu de Arte Moderna de São Paulo. Quando do afastamento de Ciccilo Matarazzo do MASP, que depois de tumultuada assembléia geral doou seu acervo à USP, Carlos Alessandro Tomagni expressou, reiteradas vezes, a intenção de doar sua coleção ao MAM, Morrendo, sem testamento, em 1966, seus herdeiros efetuem a doação. Ao todo foram 679 obras ao acervo do MAM em 1967.
xxx
Apesar da coleção não obedecer a critérios rígidos de escolha ou orientação, é formada por obras de autores consagrados: Volpi (de quem Tomagni foi grande amigo), Graciano, Rebolo, Zanini, Paulo Rossi Osir Bonardei etc. Há também dois Di cavalcanti, uma paisagem de Tarsila dos anos 40 e dois retratos de Tomagni, feitos por wflexor e Sérgio Milliet. No total, são 18 artistas, com obras representativas nesta exposição que permanecerá duas semanas no Museu Guido Viaro. Graças exclusivamente a Sul América de Seguros.
Enviar novo comentário