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Aramis

Cinema

As férias terminam e os programas proibidos voltam a ser maioria nos cinemas da cidade. É bem verdade que "O Império Contra-Ataca" (The Empire Strikes Back), 79, de Irvin Kershner, sequência a "Guerra nas Estrelas", escrita e produzida por George Lucas e com o mesmo elenco, permanecerá ainda uma semana no cine Vitória. Mas, a seguir, ali estreará possívelmente simultaneamente ao Bristol, "Emanuele, Adeus", o terceiro filme da série " autêntica", com Silvya Kristel (o segundo, distribuição da Hawai, está ainda retido em Brasilia, mas possívelmente será liberado). Também chega a hora dos cinemas cumprirem a lei de obrigatoriedade do cinema nacional, e, assim, para um filme importante como "Muito Prazer", de David Neves (Rivoli, até domingo), há várias pornochanchadas, pornovillências e até pornoparapsicologia. No Avenida, "Meu Primeiro Amante", escrito, dirigido e interpretado por Wilson Rodrigues com Claudete Joubert (especialista do gênero) está em segunda semana e caso não emplaque uma terceira será substituída por "Africa Erótica", da qual não se tem maiores referências. No Condor, "Diário de Uma Prostituta", argumento, fotografia, direção e até interpretação de Edward Freund. Na personagem-título, a rainha do cinema da boca do lixo de São Paulo, Helena Ramos (que dirigida por Darlos Coimbra, foi "Iracema, A virgem dos Lábios de Mel", quem diria!) e no elenco de apoio, Ivete Bonfá, Roque Rodrigues (que começou fazendo cinema em fitas rodadas no Paraná: "O Diabo de Vila Velha" e "Maré Baixa") e Cavagnoli Neto. No São João, depois que "Os Três Mosqueteiros Trapalhões", de Adriano Stuart, deixar o cartaz, estreará "A Força dos Sentidos", bxbboxxxlllxlde bjean Garrete, onde este cineasta brasileiro (com pseudônimo francês) tenta, mais uma vez, a fusão da parapsicologia ao sexo. Com Aldine Mueller e Paulo Ramos a frente do elenco. O Plaza também continua na linha erótica: "Penitenciaria Feminina de Crimes Sexuais", de Jess Franco (?), com Lina Romau, Martine Satedil e Ewrik Falk substitui a produção alemã, bastante cortada, que ali permaneceu tres semanas. "Emanuelle, A Verdadeira", de Just Jaeckin, deixou o Ribalta, onde está agora, mais uma vez, a reprise de "Inferno na Torre" (Towering Inferno), de John Guillermin, com Steve McQueen, Paul Newman, Faye Dunnaway, Robert Wagner, Fred Astaire e outros super-astros. Um filme-catástrofe com alguns bons momentos. Entre tão poucas opções, "Muito Prazer", de David Neves, roteiro e diálogos de Joaquim Vaz de Carvalho, merece atenção: um bom elenco - Itala Nandi, Antonio Pedro, Cecil Thiré, Otávio Augusto, Vera Barroso, Angela Leal etc., uma historia curiosa e social e a participação especial de Nelson Cavaquinho, tornam oportuna esta produção distribuida pela Embrafilmes, cujo escritório local tem novo gerente, Levi Cordeiro, que já começou a ativar a parte de promoção. Aos fãs do genero, no Lido, desde ontem, um filme que fez sucesso em algumas praças: "Halloween), de John Carpenter, também um dos atores, ao lado de Donald Pleasence, Jamie Lee Curtiss, Nancy Looms. "Halloween" é uma festa folclórica tradicional americana - a chamada "A noite das bruxas". Aqui, o roteiro aproveita bem esta temática, com ação em duas épocas. A verificar pelos fãs do gênero. Na próxima segunda-feira, no Rivoli, estréia uma comédia sofisticada -"Um Toque de Humor" (Lost and Found), 1978, de Melvin Frank. O título em português (no original, seria "perdidos & achados") procura capitalizar o sucesso de "Um Glass), 72, com a mesma dupla de interpretes - Glenda Jackson (premiada, aliás, com o Oscar de melhor atriz em 73, por sua atuação naquele filme) e George Segall. Melvin, 63 anos, produtor, diretor-roteirista, durante anos dividiu produções com Norman Panamá, lançando-se a partir de 1956 autonomamente. Na área da comédia sofisticada, a melhor estréia é a de hoje a meia-noite, em pré-lançamento, no Astor, e a partir do dia 7, no mesmo cinema: "Mulher Nota 10" (10), 79, de Black Edwards. Para o grande público a atração é a presença de Bo Derek, anunciada como a "sex symbol" dos anos 80, que recentemente esteve no Brasil, "buscando" (sic) um ator para interpretar o Tarzan, num filme que pretende produzir. Afora os atributos físico de Bo (esposa de John Derek, ex-marido de Ursula Andress, portanto de bom olho clínico), "10" tem outros méritos: a trilha sonora de Henry Mancini (LP já editado no Brasil pela WEA) é excelente, onde o premiado compositor, mostra que continua único em matéria de arranjos vocais, com temas românticos. Julie Andrews, esposa de Edwards, é uma excelente atriz (e cantora), e sua presença no elenco, vale um destaque. E num lançamento positivo, o ator ingles Dudley Moore, após passagem pela Broadway, tem chance de mostrar o que vale. A comédia tem momentos hilariantes e a sofisticação que caracteriza a obra de Edwards, 58 anos, desde 54 no cinema e que tem excelente comédias e policiais em sua imensa filmografia, inclusive a série "Pantera Cor de Rosa", cujo último filme da série, "O Romance da Pink Panther", como todos os demais, estrelado por Peter Sellers - falecido há 2 semanas, a United Artists programou para lançar no final do ano. "Mulher Nota 10" é um programa recomendável e a grande esperança para a próxima semana. E, por último, o grande evento: amanhã, à meia-noite, no Astor, a pré-estréia de um dos 10 melhores filmes da história do cinema: "O Encouraço Potenkin" (Bronenosets Potymkin), que Sergei Eisenstein (1898-1948) realizou em 1925. Segundo longametragem do mais famoso cineasta soviético (o primeiro, "Stachka/Greve", é de 1924), em "O Encouraço Potemkin", unanimemente reconhecido como sua obra-prima, utilizou sua teoria da montagem, na linha dos ideogramas chineses, na famosa sequencia das escadarias de Odessa. A estupidez da Censura fez com que "O Encouraçado Potenkim" permanecesse proibido por 15 anos entre 1964/79, qualquer tentativa de exibi-lo, valeria prisão. E mesmo anteriormente a 1964, poucos viram esta obra-prima. Em Curitiba, em 1962, houve uma única projeção do "Potenkim" no auditório do Colégio Estadual do Paraná. Por sua importancia na história do cinema, "O Encouraçado Potemkin", um filme revolucionário em todos os sentidos, merecerá comentário a parte, não só agora, quando tem uma única projeção a meia-noite de amanhã, mas no final de agosto, quando João Aracheski promete lançá-lo no Cinema 1. A propósito, no Cinema 1 e no Bristol continua em exibição "1941", de Steven Spielberg. Comédia amalucada, na linha de "Deu a Louca no Mundo" (Its a Mad, Mad, Mad World, 63, de Stanley Kramer), "1941" agrada o público. A trilha sonora, de John Willians ( o mesmo autor da música de "O Império Volta a Atacar") foi lançado nesta semana pela Ariola, que, por sinal, está colocando boas "sound tracks" na praça, inclusive reedições. Com as modificações na programação, a comédia "Casamento de Alto Risco", de Arthur Hilier e o policial "Assassinato Por Decreto", de Bob Clarck, anunciados há 2 semanas, ficam na fila da espera. Onde está também "Em louvor da Mulher Madura", mas sobre este filme e melhor nem falar por enquanto... Ah! quase que esqueciamos: "Uma Vida, Um Amor" (A Venezia Muore un Estate), produção italiana, dirigida por um certo P. Lazaga, com elenco de nomes desconhecidos - Lynne Frederick, Mark Burns, Bayarata O'Wisieddo e Ricardo Merino, surpreendeu até Arnaldo Zonari Filho, dono da Fama Filmes. Importou este melodrama sem qualquer esperança e as rendas que o filme fez na estréia nacional, no Astor, justificou uma segunda semana e garante agora sua permanência até a próxima quarta-feira. Um mistério total: sem nomes famosos, sem promoção especial, "A Venezia Muore un Estate" conseguiu uma bilheteria que produções ultrabadaladas não obtêm!. LEGENDA FOTO 1- Helena Ramos, a rainha do cinema da boca-do-lixo e Alan Fontaine em "Diário de uma Prostituta": Cine Condor. LEGENDA FOTO 2 - Terror ao estilo americano: "Holloueen", no Lido desde ontem. LEGENDA FOTO 3 - Mark Hamil continua com seres estranhos na sequencia de "Guerra das Estrelas": "O Império contra-ataca fica mais uma semana no Vitória. LEGENDA FOTO 4 - Otávio Augusto, Cecil Thiré e Antonio Pedro: três bons atores em "Muito Prazer", no Rívoli.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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Tablóide
11
01/08/1980

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