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Aramis

Cinema

Numa conversa informal e sincera João Aracheski, 34 anos há 12 executivo na Fama Filmes - onde começou humildemente e chegou a posição de prestígio, verdadeiro braço-direito do "godfather" Arnaldo Zonari, confirmou a intenção da empresa em destinar o cine Scala a uma programação exclusiva de filmes de arte. Consciente da existência de uma sensível faixa de público capaz de garantir uma boa rentabilidade a uma programação estabelecida com inteligência e critério e mais o fato de que algumas de suas casas de exibição em Curitiba são forçosamente deficitárias, a direção da Fama Filmes, decidiu - afinal - tentar um esquema novo e, observando o exemplo financeiramente bem sucedido do Cinema 1, na Guanabara, tentar um plano piloto de programação de filmes "malditos" (em termos de bilheteria tradicional) mas que, se trabalhados com inteligência e criatividade, podem atrair uma faixa de público sequiosa de bom cinema. A intenção da Fama é fazer do antigo Palácio - quando reconstruído - o verdadeiro Cinema 1 da cidade, inclusive tem bar instalado na sala de projeção, separado com uma parede de vidro, a exemplo do cinema carioca. Mas como este projeto ainda levará, no mínimo, seis meses, a intenção imediata é aproveitar o Scala, na Rua Riachuelo, bem localizado - próximo a Universidade, fácil estacionamento à noite - para a projeção de uma série de filmes importantes mas que até hoje os exibidores não se acorajaram a lançar, por temerem grande fracasso de público. Muitos exemplos já citamos em nossas colunas e, sem pesquisa de maior profundidade, recorrendo apenas a memória, aqui podem ser citados alguns exemplos: "Mamma Roma" de Passoline, realizado há 10 anos, há anos recebendo poeira nas prateleiras da Marte Filmes e que está na iminência de ter seu laudo de censura vencido sem ter sido projetado em Curitiba. "Pick-pocket" e "Balthazar", dois clássicos de Robert Brésson, informados há mais de cinco anos por Valencine, da Franco-brasileira, também permanecem inéditas entre nós. "Doc" de Frank Perry - um western psicológico desmistificando o famoso duelo de O. K. Coral - que já valeu dois clássicos de John Sturges - é curta fita há muito exibida na GB e São Paulo, inédita entre nós. Muitos outros exemplos poderiam ser lembrados - como "Projéteis da Morte" (Targets), primeiro longa-metragem de Peter Bogdanovich, que apesar de toda a badalação em torno do premiado cineasta de "A Última Sessão do Cinema", só agora, com a próxima estréia de seu penúltimo filme, "Lua de Papel", parece que terá lançamento no Cine Lido - cujo gerente, Zito Alves, sempre soube, astutamente, promover com imaginação as estréias das fitas de melhor gabarito (remember "O Conformista" de Bertolucci). Aracheski promete que ao lado das estréias dos filmes "malditos", vai também reprisar fitas importantes, desperdiçadas em seus lançamentos originais ou então em forma de retrospectivas, quando um filme inédito de um bom cineasta, for exibido. Por exemplo, a propósito de "O Criado", de Losey - produção de 1963, importado pelo Cinema 1 - promete que reprisará os três outros filmes importantes daquele cineasta; ainda com certificado de censura em vigor: "Estranho Acidente", "Cerimônia Secreta" e "O Mensageiro". O mesmo fará com Frank Perry: quando lançar "Doc" e "O Destino Que Deus me Deu", inéditos, relançará "O Último Verão" e "Diário de Uma Mulher Casada".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
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12
23/02/1974

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