Cinema
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 18 de janeiro de 1973
a exibição de "La Terra Trema" (hoje, 20 horas, Teatro do Paiol) constitui sem dúvida uma oportunidade única: nunca lançado no Brasil (e mesmo na Itália e França restrito ao âmbito das cinematecas) esta obra-básica do neo-realismo, realizada entre 1947-48, se constitui num filme do qual muito se fala mas pouco se conhece. A sua exibição hoje e no sábado - quando será complementada com palestra do crítico Ronald Monteiro, tornou-se possível graças a colaboração da Cinemateca do Museu de Arte Moderna, da Guanabara, que possui a única cópia existente no Brasil. Escrevendo sobre "La Terra Trema", o teórico John Howard Lawson acentuou em "O Processo de Criação no Cinema" (Editora civilização Brasileira, 1967), que "o filme mostra o povo de uma pequena aldeia de pescadores perto de Catania, que a exploração econômica leva até à fúria de uma revolta. O filme é uma torrente de emoções, carregado de uma força explosiva que faz a terra trema. À ação resulta plasticamente impressionante, embora desigual e indisciplinada. Em certos momentos, a expressão emocional tarde para o exagero, enquanto a valorização da violência parece contradizer o tema - como se tanto o sentimento do artista, quanto o de seus personagens, se dissolvesse numa revolta católica diante de uma realidade que não podem dominar. Visconti (foto) planejava uma trilogia da qual "La Terra Trema" constituirá a primeira parte, mas não lhe foi possível levar adiante o projeto".
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