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Aramis

Casamento dos Trapalhões, Terra da Magia e premiado filme com o Oscar

Há duas semanas do final de ano, já em fase de se preparar a listagem dos melhores, a programação cinematográfica entra em período de férias. São os filmes de grande apelo popular, voltados especialmente para a faixa infantil, que têm seus lançamentos: "O Casamento dos Trapalhões" em três salas (São João/Plaza/Lido I). "Willow - na terra da magia" (Condor) e mesmo uma comediota também na faixa jovem. "Águas perigosas" (Cinema I). "A última tentação de Cristo", apesar de não ter atingido em suas quatro primeiras semanas sequer a 6 mil espectadores, continua em exibição no Lido II. O filme de Martin Scorsese, polêmicas à parte, é obra de reflexão, metragem acima do normal e que acaba não sendo devidamente absorvido em toda sua extensão pelo público que o busca apenas pelo lado fantasioso. Resultado: se não fosse a ajuda que os carolas fanáticos deram, esta produção da CIC seria o maior fracasso de bilheteria. Mais uma vez, comprova-se que a estupidez, o radicalismo e a hipocrisia dos ignorantes mais ajuda a promover uma obra do que proibí-la. Casamento dos Trapalhões - Há exatamente 34 anos, os roteiristas Albert Hackett, Francis Goodrich e Dorothy Kingsley inspiraram-se num clássico latino - "O rapto das sabinas", que já havia baseado "Sabbin's women", de Vincent Bent e transpondo a ação para o Oeste, deram a Stanley Donen, então com apenas 30 anos e vindo de sucessos marcantes como "Cantando na Chuva" (52) e "Bem no meu coração" (Deeo in my heart, que havia rodado no mesmo ano), a oportunidade de realizar mais um clássico musical para a MGM, ainda em fase gloriosa: "Sete noivas para sete irmãos" (Seven brides for seven brothers). Adam (Howard Keel), é o mais velho de sete irmãos que vivem nas montanhas, e decide arrumar uma esposa. Vai à vila e em menos de 12 horas, namora a bela Milly (Jane Powell), que traz para a sua fazenda. Milly tenta disciplinar os selvagens irmãos de Adam - todos com nomes bíblicos e estes também decidem arrumar esposas. A partir deste argumento, "Seven brides..."é um clássico, com algumas das mais movimentadas seqüências musicais, canções belíssimas de Johny Mercer e Gene De Paul e coreografia de Michael Kidd. Pois agora, não é de ver que Renato Aragão e Cacá Diegues - "adaptaram" a história para o Interior do Brasil e, tal, como no filme de Donen, a ação começa com o irmão mais velho, Didi (Aragão), buscando na garçonete Joana (Nádia Lippi), bonita e atrevida, a sua esposa. Só que quem nasce para trapalhão não chega a Howard Keel; evidentemente, que a comédia fica no nível rasteiro do mais popular quarteto brasileiro e mesmo a música - criada por Renato Aragão (e o tema central da insossa dupla Paulo Massadas/Michael Sullivan) obviamente nem de longe pode lembrar aos clássicos "Bless your beautiful hide", "Spring, spring, spring"e "Wonderful, wonderful", da trilha de "Seven Brides..." - aliás, já lançado duas vezes no Brasil, na coleção de clássicos da MGM. Comparações à parte, "O casamento dos Trapalhões" tem direção de José Alvarenga Júnior, um jovem bem intencionado, que conseguiu dar certa dignidade ao filme anterior dos Trapalhões. Assumindo o humor (e as exigências do poderoso Aragão), Alvarenga Jr., está adquirindo experiência para, em breve, partir para trabalhos sérios, capazes de lhe darem credibilidade. No elenco, além dos Trapalhões (Aragão, Dedé Santana, Mussum e Mauro Gonçalves) e Nádia Lippi, está José de Abreu como o vilão, a veterana Zezé Macedo e os insuportáveis Gugu Liberato e o grupo Dominó - além da bela Luciana Vendramini, a mais bonita das ninfetas reunidas para o elenco feminino de suporte. Willow - Na terra da magia - A campanha publicitária que a Imagine/UIP Productions fez em torno de "Willow" foi incrível: um ano antes desta produção com supertecnologia de efeitos especiais ser iniciada, já havia anúncios de página inteira no Variety. A produção não poderia ser mais ambiciosa: George Lucas, responsável pela trilogia "Guerra nas estrelas" (da qual dirigiu o primeiro episódio) e associado a Spielberg em "Caçadores da arca perdida", "Indiana Jones e o templo da perdição" (e também no fracasso "Howard, o super-herói", reuniu US$40 milhões para rodar "Willow", US$ 10 milhões dos quais gastos somente em efeitos especiais através de sua empresa - a Industrial Light and Magic, tendo o premiado John Richardson como supervisor técnico. As filmagens foram feitas inteiramente no País de Gales (Inglaterra) e na Nova Zelândia. Ivan Soares, cinemaníaco feroz, capaz de ver 8 longas num único dia do FestRio, após assistir a pré-estréia de "Willow", definiu: - É a "Guerra nas estrelas" da pré-história! Realmente, a ação deste filme que tem seu lançamento nacional nesta semana é no passado: conta a história, com ternura e muita atenção, sobre heroísmo, amizade, exaltando a esperança e a lealdade, de um anãozinho que encontra uma criança destinada a mudar o rumo do mundo, numa época e num lugar imaginário, e a leva ao seu destino, com a ajuda de um guerreiro inimigo, enfrentando uma rainha feitiçeira, sua filha, monstros, exércitos e muitos perigos e mágicos. Como o guerreiro Madmartigan, com a ajuda de Willow, o anão (Warwick Davis), temos Val Kilmer, que apareceu em "Ases indomáveis" (Top Gun). O anão Davis já havia feito um dos pequenos ewok em duas produções de Lucas: "O retorno de Jedi" e "A caravana da coragem". A inglesa Joanne Whalley é a princesa Sorsha, filha da rainha Bavmorda, interpretada por Jean Marsh que vimos em "O mundo fabuloso deOz". Nos outros papéis, gente jovem também. A trilha sonora de James Horner, com oito temas, gravados pela London Symphony Orchestra e The King's College Choir, de Wimbledor, já foi lançada em elepê no Brasil (Virgin/BMG). Um filme com todas as condições de permanecer semanas em cartaz. Nas águas da juventude - Com toques de conflitos do rito de passagem da adolescência para a maturidade, citações ecológicas que lembram "Deliverance", humor e romantismo, "Águas perigosas" (Cinema I) é mais um filme destinado à fatia jovem do público - mas que corre o risco de passar despercebido por falta de melhor promoção. O filme é dedicado ao diretor de fotografia John Alcott (que trabalhou com Kubrick), falecido durante as filmagens que tiveram lugar nos rios McCloud (Califórnia), Ottawa (Ontário) e nas ilhas Sul e Norte da Nova Zelândia - cujas paisagens começam a ser reveladas pelo cinema ("Willow" também foi rodado naquele país). "White Water Summer" marca a estréia na direção de Jeff Bleckner, vindo da televisão e teatro, já premiado com dois Emmys pela série "Cancealed enemies" e "Life in the minors" (episódio da série "Hill Street Blues". No elenco, gente moça: Kevin Bacon, no papel central, foi visto no interessante "Quicksilver: o prazer de ganhar", na qual vivia um entregador de encomendas, pilotando um bicicleta, em Nova Iorque. Ele havia estreado no cinema em "Clube dos cafajestes" (National Laompoon's Animal House) e, entre outros papéis importantes estão Sean Astin, Jonathan Ward e Mat Adler, todos novatos.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Cinema
8
16/12/1988

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