Quem exibiu, faturou. Quem não exibiu, pode tirar o cavalinho da chuva: "Indiana Jones e a Última Cruzada" tem seu lançamento mundial em vídeo no dia 5 de fevereiro e dentro do marketing mundial que a CIC Vídeo programou para obter nesta nova faixa ao menos 70% dos lucros do que o filme já rendeu, no mesmo dia as primeiras cópias estarão chegando nas principais locadoras do Brasil. Embora a um custo de NCz$ 1.100,00 os donos de locadoras estão investindo o suficiente para terem de uma a 20 cópias, de acordo com o movimento neste novo top hit para se atingir uma faixa de público que deseja (re)ver as duas primeiras, pelo golden boy Steven Spielberg. O filme estreou nos Estados Unidos há menos de um ano - em maio de 1989, simultaneamente em 2.327 salas (incluindo Canadá) e em apenas sete meses conseguiu ficar entre os que faturaram mais de US$ 600 milhões de dólares só no território americano. Dentro de sua linha de marketing-comercialização, a CIC nem espera que o filme se esgote no circuito de 35mm e providencia a edição em vídeo simultaneamente em todo o mundo - uma forma de acabar com a pirataria. Os frios executivos que comandam os negócios de milhões de dólares da CIC-Universal devem saber o que fazem, o mercado de vídeo é aquecido e o público que cada vez procura menos as salas de exibição tem mais uma vez a confirmação de que não é preciso mais sair de casa para ver os melhores programas... ao menos daqueles comercialmente promovidos. Entretanto, é de se perguntar se na tela reduzida, há a mesma emoção de um filme rodado em amplos espaços, muita movimentação, aventuras intensas e os efeitos especiais produzidos pelo The Industrial Light & Magic, de George Lucas, é das mais competentes? Nesta terceira aventura de Indiana Jones (Harrison Ford), há muito humor, toques emotivos - especialmente do reencontro do herói com seu pai (esplêndida atuação de Sean Connery) e um elenco de coadjuvantes que devem aparecer nesta década: como o jovem Indiana temos o ator River Phoenix, que encantou tanto a Milton Nascimento que ganhou dele uma apaixonada canção; a nova Alison Doody é Elsa; Julian Glover e Michael Byrne são os nazistas da história; Walter Denovan, Vogel e Robert Eddison aparecem como os guardiões do cálice sagrado que Indiana passa o filme procurando. A trilha sonora de John Willians (editada pela WEA, no início de 1989) tem a categoria habitual deste maestro-compositor, o favorito de Spielberg, que para a fotografia voltou a procurar o excelente Douglas Slocombe. Produção classe "A", que foi a maior bilheteria do ano passado (só em Curitiba, em 7 semanas no Condor, 5 no Palace Itália, 3 no Itália e 8 no Lido foi vista por 133.748 espectadores), "Indiana Jones e a Última Cruzada" se constitui no primeiro grande lançamento do ano em termos de vídeo. O melhor de Hitchcock Pouco a pouco, os fãs de Alfred Hitchcock (1899-1979) vão podendo completar sua filmografia básica. Seja copiando dos filmes exibidos na televisão ou com as cópias legendadas que têm sido colocadas especialmente pela CIC Vídeo. Depois de filmes dos anos 50 ("A Janela Indiscreta", "Ladrão de Casaca", "O Terceiro Tiro" etc.) a CIC incluiu em seu primeiro pacote de 1990, um dos melhores exercícios de suspense que Hitch fez durante a II Guerra Mundial, já em período americano: "Sabotador" (Saboteur), 1942. É preciso entender a época para aquilatar melhor este filme tenso, em preto & branco, no qual o mestre Hitch conta uma história simples - um trabalhador (Robert Cummings) de uma fábrica de aeronaves testemunha a destruição da mesma por uma bomba colocada por um agente nazista, no qual morre o seu melhor amigo e acaba acusado de ser o sabotador. Uma trama bem urdida, com uma seqüência final na Estátua da Liberdade - o que deu motivo para muitas interpretações. Coincidência ou não, a Globo exibiu "Sabotador" na última sexta-feira e com isto, naturalmente, o interesse pelo filme, junto às locadoras, sofreu uma grande queda. Videonotas De 6 a 11 de fevereiro, no Parque Anhembi, São Paulo, a Alcântara Machado, promove a Auvicom/90 - Feira do áudio, vídeo e comunicações. Uma superfita, com estrutura para derrubar outros eventos semelhantes que vêm sendo realizados nos últimos anos. xxx Além de "Indiana Jones e a Última Cruzada", a CIC Vídeo está lançando a comédia "Fletch Vive", de Michael Ritchie, uma comédia policial com Chevy Chase, popular nos Estados Unidos mas que não emplacou no Brasil. Seu tipo paspalho não tem a empatia para torná-lo um sucesso entre nós. xxx Joe Dunte, um cineasta que tem merecido alguma atenção da crítica e faturado bastante com seus filmes é o diretor de "As Amazonas na Lua" (Amazon Women, 1987), que pretende ser uma sátira aos antigos filmes de ficção científica feitos para a TV. No elenco, curiosidades como a bela Rosanna Arquette (que está no episódio "Lições de Vida", de Martin Scorcese, em "Contos de Nova York", próxima estréia na cidade) e o bluesman B. B. King. Embora coordenado por Joe Dante, o filme teve a colaboração de outros inventivos cineastas - com Carl Gotlieb ("Cliente Morto Não Paga"), Peter Horton, John Landis ("Um Lobisomem Americano em Londres") e Robert K. Weiss. Inédito no circuito 35mm, vale a pena conferir em vídeo. xxx Atenção videomakers tupiniquins: o Museu de Arte Moderna de Medellin promoverá de 15 de agosto a 27 de setembro de 1990 a III Bienal Internacional de Vídeo. Poderão concorrer vídeos artísticos, publicitários, documentários (incluindo reportagens), ensaios e de ficção. Não importa o tamanho (VHS, Betamax ou U-Matic) mas deverão ser trabalhos realizados nos últimos 2 anos. Detalhes com embaixadores e consulados da Colômbia no Brasil.

Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:

Veiculo: Estado do Paraná

Caderno ou Suplemento: Almanaque

Coluna ou Seção: Nenhum

Página: 8

Data: 01/02/1990

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