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Aramis

Novo filme de Meryl Streep já em vídeo

A América Vídeo é uma distribuidora surpreendente. Ligada ao grupo Paris Filmes, do nervoso Alex Adamiu (que em Curitiba é dono do Cine Palace Itália), faz os lançamentos mais medíocres e comerciais que se possa imaginar. Por exemplo, em seu último pacote traz aberrações visuais como o pornô explícito "Beyond Fullfillment", com o mais famoso garanhão do gênero (John Holmes) - e que recebeu o título de "Eu Quero Gozar Muito"; o policial "Encurralado em Los Angeles", do desconhecido R. M. Richards com Burt Reynolds no elenco - ao lado de produções da Cannon Group, destinados ao público infantil como "A Guerra das Crianças", de Javier Aguirre (que ostenta, acredite quem quiser, a adjetivação de "melhor filme infantil do ano / recomendado pela Unicef) ou o desenho animado "O Livro dos Enigmas", com duas histórias ("O Livro dos Enigmas" e "O Obelisco de Carnak"), dublados em português. Mas é esta mesma América Vídeo quem lança, simultaneamente a estréia no circuito comercial, um dos filmes mais aguardados do ano, em vídeo: "Um Grito no Escuro" (A Cry in the Dark), do australiano Fred Schepisi. Com Meryl Streep em mais um show de interpretação - que lhe valeu novamente a indicação ao Oscar de melhor atriz em 89, e premiada no último Festival de Cannes, como melhor atriz, vencedor de 4 Globos de Ouro, este filme emocionante é baseado em fatos reais, recentíssimos. Em agosto de 1980, em M.T.ISA, no Estado de Queensland, Austrália, o pastor adventista Michael (Sam Neil), sua esposa Lindy (Meryl Streep) e os filhos Aidan, Reagan e um bebê de dois meses chamado Azaria Chamberlain, foram em férias a Ayeres Rock, a maior rocha do mundo. À noite, no acampamento, Lindy viu sua filha ser atacada e levada de sua tenda por um cão selvagem australiano, o Dingo. Apesar de tentarem salvá-la, foi tudo em vão. A imprensa sensacionalista acusou Lindy de ter assassinado seu filho e ela foi condenada à prisão - só sendo libertada no ano passado. A história comoveu o mundo e Fred Schepisi, 40 anos, cineasta australiano na nova geração, desde 1983 nos Estados Unidos onde dirigiu "O Mundo de uma Mulher - Plenty" e a comédia "Roxane" (livre e moderna atualização de "Cyrano de Bergerac") emocionou-se com o livro que John Bryson escreveu a respeito da família Chamberlain ("Evils Angels") e decidiu levar a história à tela. O resultado é um filme fascinante, atualíssimo e que chega já em vídeo, para os apressadinhos que não desejarem esperá-lo no lançamento no circuito comercial. O diretor Fred Schepisi, australiano de Melbourne, ex-seminarista, foi documentarista e fez cinema publicitário. Seus primeiros filmes ("The Devil's Playground", "The Chant of Jimmy Blacksmith"), nos quais abordou questões ligadas a uma escola interna religiosa e aborígenes, respectivamente, foram consagrados em Cannes. Nos Estados Unidos, estreou fazendo um filme para televisão, com o cantor country Willie Nelson ("Barbarosa") e realizou depois "Iceman" (1983), nunca lançado no Brasil. "Plenty", com Meryl Streep e Sam Neil - os mesmos deste "A Cry in the Dark" (mais Sting, num bom papel) representou os Estados Unidos no II FestRio, mas lançado no circuito comercial, não teve sucesso.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Vídeo/Som
8
20/07/1989

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