Novo filme de Meryl Streep já em vídeo
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 20 de julho de 1989
A América Vídeo é uma distribuidora surpreendente. Ligada ao grupo Paris Filmes, do nervoso Alex Adamiu (que em Curitiba é dono do Cine Palace Itália), faz os lançamentos mais medíocres e comerciais que se possa imaginar. Por exemplo, em seu último pacote traz aberrações visuais como o pornô explícito "Beyond Fullfillment", com o mais famoso garanhão do gênero (John Holmes) - e que recebeu o título de "Eu Quero Gozar Muito"; o policial "Encurralado em Los Angeles", do desconhecido R. M. Richards com Burt Reynolds no elenco - ao lado de produções da Cannon Group, destinados ao público infantil como "A Guerra das Crianças", de Javier Aguirre (que ostenta, acredite quem quiser, a adjetivação de "melhor filme infantil do ano / recomendado pela Unicef) ou o desenho animado "O Livro dos Enigmas", com duas histórias ("O Livro dos Enigmas" e "O Obelisco de Carnak"), dublados em português.
Mas é esta mesma América Vídeo quem lança, simultaneamente a estréia no circuito comercial, um dos filmes mais aguardados do ano, em vídeo: "Um Grito no Escuro" (A Cry in the Dark), do australiano Fred Schepisi.
Com Meryl Streep em mais um show de interpretação - que lhe valeu novamente a indicação ao Oscar de melhor atriz em 89, e premiada no último Festival de Cannes, como melhor atriz, vencedor de 4 Globos de Ouro, este filme emocionante é baseado em fatos reais, recentíssimos.
Em agosto de 1980, em M.T.ISA, no Estado de Queensland, Austrália, o pastor adventista Michael (Sam Neil), sua esposa Lindy (Meryl Streep) e os filhos Aidan, Reagan e um bebê de dois meses chamado Azaria Chamberlain, foram em férias a Ayeres Rock, a maior rocha do mundo. À noite, no acampamento, Lindy viu sua filha ser atacada e levada de sua tenda por um cão selvagem australiano, o Dingo. Apesar de tentarem salvá-la, foi tudo em vão. A imprensa sensacionalista acusou Lindy de ter assassinado seu filho e ela foi condenada à prisão - só sendo libertada no ano passado.
A história comoveu o mundo e Fred Schepisi, 40 anos, cineasta australiano na nova geração, desde 1983 nos Estados Unidos onde dirigiu "O Mundo de uma Mulher - Plenty" e a comédia "Roxane" (livre e moderna atualização de "Cyrano de Bergerac") emocionou-se com o livro que John Bryson escreveu a respeito da família Chamberlain ("Evils Angels") e decidiu levar a história à tela.
O resultado é um filme fascinante, atualíssimo e que chega já em vídeo, para os apressadinhos que não desejarem esperá-lo no lançamento no circuito comercial.
O diretor Fred Schepisi, australiano de Melbourne, ex-seminarista, foi documentarista e fez cinema publicitário. Seus primeiros filmes ("The Devil's Playground", "The Chant of Jimmy Blacksmith"), nos quais abordou questões ligadas a uma escola interna religiosa e aborígenes, respectivamente, foram consagrados em Cannes. Nos Estados Unidos, estreou fazendo um filme para televisão, com o cantor country Willie Nelson ("Barbarosa") e realizou depois "Iceman" (1983), nunca lançado no Brasil.
"Plenty", com Meryl Streep e Sam Neil - os mesmos deste "A Cry in the Dark" (mais Sting, num bom papel) representou os Estados Unidos no II FestRio, mas lançado no circuito comercial, não teve sucesso.
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