Cineteatro, como nos tempos da Cinelândia
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 11 de março de 1986
Até que, no ano passado, a diretoria do Bamerindus decidisse contratar o escritório Rubens Meister para elaborar o projeto definitivo que permitisse um aproveitamento ao Palácio Avenida, pelo menos meia dúzia de outros projetos foram elaborados com a mesma finalidade. Desde propostas desenvolvidas pelos próprios arquitetos funcionários do Bamerindus - que, naturalmente, pela sua dimensão nacional, inclui entre seus milhares de funcionários, bons profissionais - até contribuições espontâneas, levadas por arquitetos conhecidos e dispostos a oferecerem idéias que solucionassem o aspecto de preservação da arquitetura tradicional e um aproveitamento econômico do privilegiado espaço central.
Durante muitos anos se discutiu a validade histórica e artística do Palácio Avenida. Processos de tombamento e destombamentos - rolaram pelos gabinetes da antiga Secretaria da Educação e Cultura e, posteriormente, pela Secretaria da Cultura, na Curadoria do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado. A descaracterização da avenida Luiz Xavier, com monstrengos construídos nos últimos anos, foram invocados para tentar justificar uma demolição total. Nas duas administrações do arquiteto Jaime Lerner, na Prefeitura de Curitiba formuladas várias foram tentadas sem resultado concreto.
Agora, finalmente, há um projeto equilibrado, que prevendo a preservação da fachada do prédio, inclui, entretanto a reconstrução total de 15 mil metros ao longo de 8 pavimentos. Arquiteto que sempre gostou de projetar cinemas e teatros - foi quem, em 1948, venceu o concurso para elaborar o projeto do Teatro Guaíra, que seria iniciado no governo Munhoz da Rocha, Meister orgulha-se de ter incluído no Palácio Avenida, um espaço nobre para cineteatro, de 300 lugares, "destinado a ser o mais luxuoso do Estado", garante.
Duas áreas amplas de exposições - só uma delas terá 300 metros quadrados, utilização de material nobre, amplos acessos e corredores, num aproveitamento racional, para que ao lado de seu uso comercial, o Palácio Avenida - "o nome será mantido", também garante o professor Meister (a sua recuperação, num projeto sem ainda orçamento calculado e que se estenderá, no mínimo, por um ano) venha a ser, quando concluído, um ponto iluminado e movimentado, capaz de resgatar o centro de Curitiba, um pouco da beleza e alegria que, há mais de 15 anos morreu naquela área. Hoje, é melancólico passar pela avenida Luiz Xavier após o entardecer - em contraste com a época marcante que fazia do Palácio Avenida o grande ponto.
Como curitibano que ama a sua cidade, Meister fez um projeto que, antes de se preocupar com o lado técnico-comercial, visa a Cidade e o Homem.
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