Cuidado com o teatro infantil
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 17 de setembro de 1978
O teatro infantil é uma das coisas mais sérias em termos de espetáculos destinados a infância. Reuniões, simpósios, seminários tem sido realizados em todo o País - e [aqui] em Curitiba, regularmente, há cinco anos, há um deles, sempre no mês de julho, com a presença de diretores, atores, professores s, educadores, etc. procurando analisar e traçar as linhas que devem ser seguidas por quem se propõe a oferecer as crianças uma diversão sadia e educativa.
Infelizmente, há ainda muitos produtores-diretores que vêem no teatro infantil apenas uma forma de faturar fácil, já que na falta de melhores opções para os pequenos (afinal, só nas férias é que os cinemas lançam filmes de censura livre) tem nos espetáculos infantis um local para preencher suas horas livres, nos fins de semana.
Há duas semanas, o crítico Marcelo Marchioro, no suplemento "Fim-de-Semana" fez uma séria análise dos pontos negativos de "Apolonio I, O Astronauta", frustrada peça infantil que o grupo de Roberto Menghini apresentou, por mais de um mês, no auditório Salvador de Ferrante. Mas Menghini não é um caso único em termos de experiência mal sucedida em termos de teatro infantil: há vários outros exemplos de peças que, pela lógica, não deveriam nem serem apresentadas, pois só contribuem para prejudicar a formação intelectual das crianças.
Felizmente, há gente preocupada em fazer bons espetáculos para as crianças e um destes é Antonio Carlos Kraide, um dos mais corretos diretores do teatro paranaense, que há anos vem fortalecendo a nossa vida artística. Ainda agora, Kraide montou "O Pequeno Solitário" de Wilson Rio Appa, peça praticamente inédita (houve uma curta temporada, em 1868), com um [belo] sentido de amor a natureza e a liberdade, através de personagens bem definidos. Um trabalho cuidadoso de desenvolvimento dos personagens, um elenco reforçado - Ivone Hoffmann, Paulinho Butreri, Beatriz Araújo, Tuba Machado, Antonio Carlos Braga, Lia Peffner e o garoto Élcio Machado, 10 anos, valorizam bastante esta peça que vem sendo apresentada em fins de semana alternados, no Teatro Universitário de Curitiba (Galeria Júlio Moreira), dentro da programação apoiada pela Fundação Cultural para estimular as boas peças infantis naquela casa de espetáculos.
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