As dicas para candidatos segundo Marisa
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 07 de julho de 1992
Como era previsível, o período pré-eleitoral estimula edições de manuais, ensaios e mesmo teses relacionadas à comunicação, opinião pública, técnicas de marketing eleitoral etc. a bibliografia, em português com títulos traduzidos mas, especialmente obras de autores brasileiros - evidencialmente melhores conhecedores de nossa realidade - amplia-se através de produções de editores ou mesmo trabalhos independentes. Há 30 dias, aqui registramos o livro "Eleição é Guerra" de Carlos Mananelli (Editora Summus, 120 páginas), ao mesmo tempo em que noticiávamos o texto-manual que o jornalista Adherbal Fortes de Sá Júnior, hoje um dos mais disputados consultores e assessores eleitorais da cidade, vem prometendo publicar há meses.
Se Adherbal - sempre ocupado com múltiplas (e naturalmente rendosas) assessorias, não se animou a concluir seus livros - para o qual chegou a fazer, como bom repórter, dezenas de entrevistas com papas do marketing político, não só no Brasil mas também nos Estados Unidos (para onde tem viajado seguidamente), a sua colega, Marisa Villela, londrinense, 36 anos, trabalhando mineiramente, em silêncio, concluiu um projeto que há tempos imaginava, editando-o por sua própria conta: "Você na Mídia Eletrônica" (edição da autora; capa e planejamento gráfico de Flávio Vicente, composição da RPT - Reproduções Técnicas, 84 páginas), que estará sendo lançado ao entardecer da próxima quinta-feira, 9, no bar Getúlio (Braz Hotel, 1º andar, Avenida Luiz Xavier) - numa escolha com raízes políticas: além do nome deste sofisticado ambiente ser uma homenagem da família Braz ao mais ilustre dos hóspedes que passou pelo hotel) - Getúlio Vargas (1883-1954), de cuja sacada fez históricos discursos em comícios que movimentavam a Curitiba dos anos 40/50, o local começa a se firmar como o ponto para os aperitivos do happy hour de políticos, jornalistas e periféricos do Estado.
Nada, portanto, mais natural, do que ali inaugurar também uma tradição das tardes de autógrafos de livros políticos (ou sobre políticos).
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Paralelamente ao livro - quase um guia didático - de Marisa Villela outro título que também deve estar na pauta de leituras se não ocupados (e atribulados) candidatos, aos menores seus assessores de comunicação é "O fator opinião pública, como se lida com ele", de um especialista em jornalismo político, relações públicas e que tem ocupado altos cargos nestes últimos anos, Said Farhat (T. A. Queiroz, editor, 228 páginas), este já nas livrarias, sem lançamento badalativo.
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Marisa Villela, apesar de nascida em Londrina, passou a infância e parte da adolescência em Campinas, retornando àquela cidade aos 15 anos. Só aos 19 anos veio para Curitiba, aqui ingressando no curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Paraná, formando-se em 1978. Quatro anos depois, já com experiência profissional, conseguiu bolsa de estudos na Rádio e TV Educativa na Universidade de Oxford, no Mississipi (1982-1984), adquirindo uma base teórica para a área que, desde 1979, já vinha se dedicando: o trabalho na área de divulgação governamental em rádio e televisão, iniciada no segundo governo Ney Braga. Em 1984, no governo Richa, viria a reorganizar este setor na Secretaria de Comuinicação Social do Palácio Iguaçu e, em 1985, com a bonita vitória de Roberto Requião para a prefeitura (derrotando o ex-prefeito Jaime Lerner), acompanhou o jornalista Fábio Campana na área de comunicação municipal.
Pode, então, ali desenvolver o projeto Cidade Industrial, que oferecia notícias e músicas através de um sistema instalado nos terminais de ônibus, tecnicamente montado por Gebran Sabbag. Quando retornou a prefeitura, a primeira preocupação de Jaime Lerner - dentro de sua disposição de renegar os bons projetos deixados por Requião - foi desativar este projeto de utilidade, que poderia ter se consolidado e ampliado, inclusive estendido aos próprios ônibus. Apesar das argumentações feitas e Lerner e seus "assessores" de comunicação, a boa idéia foi desprezada.
Em 1987, com a vitória de Álvaro Dias, acompanhou novamente campanha ao Palácio Iguaçu, ali assumindo, pela terceira vez a área de rádio e televisão. Participando da campanha de Requião, foi uma das técnicas mais eficientes na área de vídeo e em abril de 1991 assumiria a direção do Museu da Imagem e do Som, ali se preocupando em reestruturar administrativamente aquela unidade - finalmente com uma sede definitiva, no antigo Palácio do Governo, na Rua Barão do Rio Branco. Em setembro, entretanto, seria convocada a substituir o jornalista Raul Versassim para substituí-lo na Fundação Rádio e TV Educativa. Infelizmente, não encontrando condições de desenvolver melhor trabalho - devido aos crônicos problemas no setor (especialmente na Rádio Estadual, que continua a ser a filha enjeitada da comunicação), afastou-se do serviço público. Por algum tempo trabalhou na agência Visual e, atualmente é free-lancer.
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Assim, somando a uma formação teórica universitária - com mestrado nos Estados Unidos - e 14 anos de trabalhos na área de rádio e televisão, Marisa Villela decidiu, no início deste ano, colocar em livro noções básicas sobre o uso da mídia eletrônica, especialmente para as campanhas políticas. Em linguagem jornalística, clara e didática, evitando excesso de citações - com base no que aprendeu e observou (a bibliografia utilizada foi de apenas 13 títulos), Marisa produziu um dos mais objetivos livros a respeito. Evidentemente, não é uma obra para profissionais experientes, conhecedores daquilo que desenvolve a ao longo dos cinco capítulos, mas de extrema validade aos candidatos que não podem dispor de recursos milionários, com assessorias de profissionais e agências que cobram fortunas em dólares.
Assim, analisa as gravações em estúdio e externas, vestuários, postura, dicção, estilo, abordagem de temas, as relações com a imprensa, orientações sobre programas ao vivo, reportagens diárias, transmissões ao vivo etc.
LEGENDA FOTO - Jornalista Marisa Villela, com experiência de 14 anos em rádio e televisão, lança quinta-feira seu livro "Você na Mídia Eletrônica".
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