Said ensina como se deve lidar com opinião pública
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 07 de julho de 1992
Com quase o dobro da idade de Marisa - e evidentemente uma experiência que ultrapassa a de jornalismo, mas também a de homem público e publicitário, Said Farhat já dirigiu revistas da importância da "Visão" - numa de suas melhores fases, teve agências com grandes contas, ocupou altas funções em governos federais (ministro-especial da Comunicação; presidente da Embratur etc) e, sobretudo, é reconhecido como um dos "papas" em termos de comunicação e marketing político do país. Autor de vários livros, seu "O fator opinião pública, como se lida com ele" não é uma obra didática, elaborada para orientar campanhas políticas - embora por sua experiência, dezenas de exemplos citados e uma linguagem também jornalística - a faça uma obra de leitura imediata para faixas específicas de profissionais - e especialmente candidato a cargos eletivos municipais, que, já em campanha, enfrentam nestas eleições uma situação nova: recessão, escândalos que fazem os tradicionais "patrocinadores" (especialmente empreiteiros e grupos econômicos) a serem mais cuidadosos na liberação de cheques e, principalmente, um desprezo e rejeição cada vez maior da opinião pública - leia-se, eleitores - pela classe política.
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Como observa Francisco Gracioso, na Introdução, apesar de toda sua vida profissional ligada a comunicação, Farhat desencoraja os que põem uma fé cega neste poder. "Por Mais bem feita que seja, ela não será melhor do que a qualidade e o conteúdo da inovação dos produtos ou idéias comunicadas". Assim, quem não consegue (ir) acompanhar, ou mesmo antecipar, os movimentos da opinião pública, e adaptar-se ao seu tempo, está fadado ao insucesso. No processo de comunicação em si, o que importa, em primeiro lugar, é ter clara consciência de quais são e como atuam os "agentes formadores da opinião pública". Farhat os analisa exaustivamente, enfatizando o efeito cumulativo de sua ação.
Texto originalmente premiado no concurso Maurício Siretsky de Comunicação Social, conferido pelo Ibraco - Instituto de Altos Estudos de Comunicação, ao melhor trabalho sobre o tema escrito em 1961, é um livro que, para Gracioso, "não tem similar em língua portuguesa: é um compêndio de formação e de informação destinado a transformar-se em leitura de cabeceira dos que têm interesse pessoal ou profissional no assunto".
Num rápido registro jornalístico, impossível sintetizar os vários aspectos deste livro. Vale a pena a sua leitura, inclusive para saber quem são os políticos, empresários, militares e executivos citados ao longo da obra. Do Paraná, apenas uma rápida citação do ex-ministro (da Fazenda) Karlos Rischbietter. Que, por sinal, é catarinense de nascimento.
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