Alexandre ensina como é o jornalismo de bico
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 20 de julho de 1991
Liberto das exaustivas funções de editor-executivo de O Estado do Paraná - cargo no qual dedicou mais de 25 de seus 30 anos de jornalismo - e com a experiência de ter ocupado, na administração Álvaro Dias, a Secretaria de Comunicação Social, o jornalista Mussa José Assis, 48 anos, tem programado para os próximos meses concluir ao menos dois livros práticos sobre jornalismo. Já tendo exercido o magistério no curso de Comunicação da Universidade Católica do Paraná - e ali deixando saudades pela sua didática e competência, Mussa tem muito a ensinar às novas gerações.
Embora multipliquem-se os livros sobre jornalismo ainda faltam obras que ofereçam aos estudantes aquelas noções práticas e objetivas para se formar um bom repórter - base de qualquer veículo de comunicação que se preze. Isto explica porque os Manuais de Redação lançados pelo "O Estado de São Paulo" tornaram-se best-sellers nos últimos meses - atingindo amplas faixas de leitores.
Enquanto Mussa não conclui seus prometidos livros, outro jornalista da cidade, Alexandro de Castro, 37 anos, 16 de redações em Porto Alegre e Curitiba - onde se encontra desde 1988 (é o diretor de telejornalismo da Rede Manchete/ Sistema Sul de Comunicação do Paraná) lança nos próximos dias o seu ""Redação Jornalística" (co-edição da Ibrasa - Instituição Brasileira de Difusão Cultural / Editora Universitária Champagnat do Paraná). Gaúcho que aprendeu a gostar de jornalismo observando o trabalho de seu pai, pioneiro da imprensa interioriana, Alexandre formou-se em Jornalismo Gráfico e Áudio-Visual pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e fez pós-graduação em Pensamento Contemporâneo - Século XX pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, onde é professor e chefe do Departamento de Comunicação Social.
Sentindo a deficiência dos candidatos ao ingressarem no dia-a-dia das redações - mesmo os que chegam com diplomas - Castro desenvolveu um livro prático, repleto de exemplos da imprensa nacional, ao qual deu o título bem humorado de "Redação jornalística - de bico", dando exemplos de que o importante é que o repórter/redator faça a notícia necessária ao fechamento da página (ou programa, no caso do rádio e televisão), "mesmo que seja um gol de bico, de barriga, de nariz, até meio tosco. Mas um gol, um simples e eficiente gol para a gente comemorar". Sem fazer citações bibliográficas - confessa que produziu o seu livro baseado nos anos de vivência em redações de jornais como a "Zero Hora", "Folha da Manhã", "Folha da Tarde", "Correio do Povo" e "Coojornal", mais sucursais do JB e "Estadão" em São Paulo (com passagens pela Rádio eldorado de São Paulo), Alexandre na primeira parte destaca a importância da abertura das matérias, analisando depois as possibilidades das inversões dos elementos básicos do lead (que podem tornar o texto mais atraente) e por último examina a estruturação geral da notícia, indicando como podem ser ordenadas as informações que o repórter traz, em estado bruto, no seu bloco de anotações.
Tudo numa linguagem simples, simpática e, especialmente didática. Um bom manual que deve cumprir suas finalidades.
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