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Aramis

Comunicação para os que comunicam

Um dos cardeais do jornalismo brasileiro, Alberto Dines, 54 anos, responsável pela grande transformação do "Jornal do Brasil" nos anos 60, passou a ser, após o seu afastamento do matutino da família Nascimento Brito, uma espécie de contestador da chamada Grande Imprensa, na qual ele sempre esteve ligado. Ficaram famosas suas ácidas análises nos tempos duros da repressão, através das páginas corajosas do "Pasquim". Entretanto, o fundamental das idéias de Dines - constantemente requisitado para conferências e debates, especialmente em cursos de comunicação - está em "O Papel do Jornal", obra que desde 1974, quando saiu a primeira edição, se tornou um clássico na bibliografia de jornalismo. A importante coleção Novas Buscas em Comunicação; da Summus, é agora enriquecida com uma reedição ampliada e atualizada (com um apêndice sobre a Questão do Diploma) de "O Papel do Jornal" (160 páginas, Cz$ 80,00). Há 12 anos, o livro de Dines já provoca polêmicas por suas propostas no chamado "entendimento do jornal". Esses "entender" deve ser interpostado nos dois sentidos: naquilo que o jornal, como instituição, tem de perene e de importante, ao longo dos tempos (e de suas inevitáveis transformações) e entender à luz da crise de papel que se abateu sobre a imprensa mundial na época. Partindo, pois de uma situação concreta, Dines elaborou um texto que volta agora atualizado, inclusive com um capítulo sobre a polêmica que se estabeleceu em torno da necessidade, ou não do diploma de jornalista - especialmente depois que o deputado federal (e atuante jornalista político) Sebastião Nery, propôs o fim desta exigência. Outro oportuno livro sobre comunicação é "Técnica de Reportagem - Notas sobre a narrativa jornalística" de Muniz Sodré e Maria Helena Ferrari (Summus, 144 páginas, Cz$ 72,00). Construído com base em textos jornalísticos dos mais diferentes estilos, de nossos jornais e revistas, ao longo dos últimos 15 anos, Sodré e Maria Helena vão entremeando considerações técnicas e conselhos práticos com as transcrições, ora integrais, ora parciais. Resultou assim um livro esclarecedor, prático, no rigoroso sentido do termo, sem que em momento algum se resvale para o receituário puro e simples inconseqüente. Nem é este o escopo do livro, muito menos o da série - "Novas Buscas em Comunicação", que em 15 títulos já editados tem trazido a maior contribuição para jornalistas, estudantes de comunicação, professores, etc. Outro importante livro para a mesma faixa: "Comunicação: Direito à Informação" no qual José Marques de Mello, jornalista, professor, autor de várias obras, focaliza, como contribuição a Nova República, temas ligados à política, à educação e às técnica da Igreja Católica na sua atividade evangélica. Neste livro (editora Papirus, 152 páginas, Cz$ 95,00), Marques de Mello expõe a idéia que na batalha da comunicação democrática poderá adquirir intensidade, se os contingentes da sociedade civil mais bem estruturados (os partidos políticos, os sindicatos operários, as associações científicas, movimentos populares, instituições religiosas, etc.) perceberem sua magnitude na construção da própria democracia. Dois aspectos que Marques de Mello destaca: a inexistência de bibliotecas em centenas de municípios brasileiros e a necessidade do jornalismo ser cada vez mais objetivo.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
13
02/12/1986

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