Um livro sobre a técnica do "lobby".
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 21 de fevereiro de 1987
Nunca se falou tanto em "lobby" como nas últimas semanas. Os grupos de pressão - organizados ou não - procuram influenciar desde os Constituintes até os integrantes do primeiro e segundo escalões do futuro governo Álvaro Dias, em busca de seus interesses.
Portanto, João Bosco Lodi, autor de inúmeros livros sobre administração, não poderia ter melhor inspiração do que lançar agora "Lobby - os grupos de pressão" (Livraria Pioneira Editora, 172 páginas), no qual busca mostrar que a ação empresarial não deve ser partidária, ideológica, confessional. Essa é, aliás, uma das dificuldades atuais do "lobby" das empresas. Lodi conhece que "a empresa sobreviverá na medida em que conseguir conviver com qualquer regime em qualquer tempo, como se pode observar pelo comportamento das multinacionais".
- Muito pouco ainda se conhece sobre as relações entre a empresa e o poder político. A natureza dessas relações é ainda uma nebulosa. A longa experiência desse "diálogo com o poder" tem sido escassamente analisada.
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Assim, a necessidade de organizar o "lobby" da empresa vem sendo aguçada no Brasil, nos últimos tempos, pela presença do papel do Estado na Economia. Analisa João Bosco Lodi que esta interferência estatal vem dos tempos da Coroa e do próprio sistema das capitanias hereditárias.
- "Essa alta concentração do poder do Estado, o seu predomínio sobre a economia e a onipotência das estatais tornaram o poder público, especialmente visado pela organização do "Lobby" - hoje estendido a vários segmentos da sociedade e grupos de interesse.
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Autor de "Lobby e Holding - as Bases do Poder" que, publicado há 5 anos, foi um livro pioneiro sobre o assunto, João Bosco Lodi neste seu segundo livro a respeito - "Lobby - Os Grupos de Pressão", lembra que o "lobby" não-econômico é incipiente, ingênuo e amadorístico. Há interesses que poderiam estar hoje organizados como grupos de pressão: o movimento feminista, o movimento ecológico, as associações de bairro, as minorias indígenas, os grupos culturais, as comunidades religiosas, as cidades de uma região e até mesmo as pequenas empresas e cooperativas, etc. A falta de organização desses grupos e, por outro lado, a predominância e o sucesso do "lobby" econômico levam a um clima de mal entendido, de aparente ilegitimidade e de falta de respeito da sociedade.
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