Grupos musicais
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de junho de 1980
ao registro de dois elepês de grupos vocais-instrumentais possibilita que se faça uma avaliação de como são curiosas as regras do comercialismo musical: Fevers 80 (Emi/Odeon), representa apenas mais um lp de consumo fácil deste septeto que há cerca de dez anos se especializou em gravar versões de sucessos estrangeiros - ou músicas deitas por << autores >> que parecem xerox dos estrangeiros. Não é sem motivo que Rossini Pinto, uma espécie de computador-versinionista, é o responsável pelas versões de três faixas (<< Esta Noite não é pra Sempre >> / << D.I.S.C. >> e
<< Gengis Khan >>), e << autor >> de músicas como << Vou Gritar pro Mundo Ouvir >> e << A Menina dos Meus Sonhos >> , parceria com Augusto Cesar. Até os talentos irmão Valle, apelaram para << Help >>, como música incidental em << Ninguém se Esqueceu >>, e Paulo Sérgio fez a versão de << on the Radio >> (Giorgio Moroder/Donna Summer), transformando, assim este discotheque em << Sobre Patins >>. Outros autores comparecem com canções de mais fracas para que Miguel, Augusto, Luiz Cláudio, Liebert, Cleudir, Almire Lécio, os The Fevers, continuem em 80, no mesmo esquema de 70. E que, pelo visto, parece ter público.
Já com Os Secos & Molhados acontece a tentativa de capitalizar o sucesso do nome do grupo formado há 9 anos, do encontro de Ney Matogrosso (Ney de Sousa Pereira, 39 anos), Gerson Conrado, 28 anos e João Ricardo (Carneiro Teixeira Pinto, 31 anos). A explosão comercial-comportamental do lp de estréia (Continental, 73), com sucessos como << Sangue Latino >> , << O Vira >> e << A Rosa de Hiroshima >> (Música com Conrad sobre o poema de Vinícius de Moraes) duraria menos de dois anos: após um segundo lp, o grupo se desfaria, devido a incompatibilidades pessoais e, principalmente, financeiras, com João Ricardo e seu pai, o cronista Teatral João Apolinário. Enquanto Ney se projetaria como superstar - posição que se mantém até agora, depois de passar pela WEA, agora contratado da Ariola (por onde sairá seu novo lp), e Gerson Conrad, após dividir um lp com Zezé Motta (1975, Sigla), João Ricardo tentaria um reecontro: seus lps-solos pela Polygram, o primeiro com apelação andrógena (que no caso de ney funcionou), não deram resultado. No ano passado, como tinha a propriedade do nome do grupo o refez, junto com 3 amigos - Cesar Lempé, Roberto Lempé e João Amantor. Apesar do primeiro lp do << novo >> S&M não ter encontrado, obviamente, a mesma repercussão, a Polygram continua a acreditar nas possibilidades de uma volta por cima. E assim saiu novo lp, onde, mais uma vez, João Ricardo insiste em ser o compositor da maioria das faixas: << Quantas Canções é preciso Cantar? >>, Roldo de Amor >>, << Meu Coração não Pode Parar >>, << Homenzarrão >>, << Pai João >>, << Muitas pessoas >>, << Pelos Dois Cantos da Boca >>, << Aja >> , << Ciii e << Vira Safado >>. Só em dois momentos, deu chance aos novos parceiros: << Sem as Plumas, Numas >> - com Cesar Lempé, Amantor e Tininho e << Contudo >>, este sem a sua participação. O que será desta nova tentativa? No bem-cuidado release distribuído pela gravadora, o próprio João Ricardo mostra-se pessimista. Inquirido sobre se acredita que o S&M << sacuda um pouco >>, o mercado, diz: << Não sei. Eu já estou um pouco cetico. Se você perguntar e eles, eles falam que vão vender 500 mil, um milhão de cópias e seu estouro mais na deles do que na minha >>.
Pois é... vamos aguardar!
FOTO LEGENDA- Secos e Molhados
FOTO LEGENDA1- Fevers
Enviar novo comentário