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Aramis

Do Paiol à Cinemateca, auditórios de Curitiba

A questão de auditórios e teatros para Curitiba não se encerra, em absoluto, nas anotações que aqui publicamos no último domingo. Afinal, são muitos os aspectos que envolvem a destinação de espaços culturais e, especialmente, a sua utilização. Por exemplo, o Teatro do Paiol, que foi a primeira obra da área cultural construída quando o arquiteto Jaime Lerner assumiu a Prefeitura, há 19 anos, é um exemplo de espaço que vem tendo períodos de maior ou menor utilização conforme a capacidade e dinamismo de quem dirige. Núcleo que estimularia a criação da própria Fundação Cultural - e por isto mesmo, o então conselheiro da instituição, advogado Eduardo Rocha Virmond, brigou para que a sua imagem fosse oficializada como logotipo do organismo - o Paiol foi, em determinada época, uma usina de atividades, com cursos, seminários, exibições de filmes - quando inexistiam outros espaços apropriados, ali foi implantada também a biblioteca Augusto Stresser, criminosamente desativada. O mais grave é que o espaço que aquela biblioteca ocupava permanece vazio e, como conta a Sra. Patrícia Deffés, responsável hoje pela administração do Paiol, "é comum aparecerem crianças perguntando se a mesma não está funcionando". Artisticamente, o Paiol teve alguns bons shows programados quando o competente Gerson Bientinez ocupava a sua administração (e da qual foi afastado por perseguição pessoal), o que já começa a se refletir na queda do calendário. xxx Outro auditório administrado pela Fucucu é o "Universitário", que construído na administração Saul Raiz, na galeria Júlio Moreira - na passagem que liga a praça da Ordem com a Rua José Bonifácio (ao lado da Catedral), é o mais asfixiante teatro da cidade. Com 103 lugares, espremido num verdadeiro "Túnel", sem saída de emergência, seria condenado por qualquer serviço de fiscalização mais rigoroso - só que no caso é a própria Prefeitura quem tem a responsabilidade sobre o seu funcionamento. Abrigando espetáculos de amadores, especialmente musicais (a exiguidade do palco e dos camarins impede qualquer montagem teatral mais audaciosa) é precaríssimo em todos os ângulos. Tão reduzido em suas dimensões como o "Universitário" - e incômodo para tanto ao público como aos artistas que ali se apresentam - o Teatro de Bolso, reconstruído na Praça Ruy Barbosa - no mesmo local em que, nos anos 50, existia a acolhedora edificação que a Sociedade Paranaense de Teatro explorou por anos, não tem também mínimas condições de atrair um público melhor. Mais confortável, embora também sem melhor infra-estrutura, o auditório Antônio Carlos Kraide no distante Centro Cultural do Portão surgiu como uma opção de levar aquela zona da cidade espetáculos ao vivo, mas seu calendário é irregular e bastante limitado. xxx Até hoje a Prefeitura de Curitiba não dispõe de um auditório moderno, confortável, capaz de servir para solenidades, reuniões de serviços ou solenes etc. Há muito que o antigo Salão Nobre foi sendo "invadido" por outras atividades, sendo difícil a sua utilização como um espaço apropriado a reuniões mais formais. Só com a constituição de um novo prédio - projeto que até hoje não entusiasmou nenhum prefeito - se teria um grande auditório, confortável a altura do Poder Executivo - a exemplo do modelar auditório do Palácio da Justiça, luxuoso e equipado até com projetores em 35mm - mas que há quase duas décadas não são utilizados. Como opção de reuniões, algumas vezes se tem utilizado a chamada "Sala Scabi", no Solar do Barão. Localizado num terceiro pavimento, uma escada íngreme, seu acesso é praticamente impossível a pessoas idosas ou com deficiências físicas - além de sendo uma sala comum não oferece melhor visibilidade. xxx Com os Cr$ 10 milhões que, generosamente, o Bradesco creditou em favor da Prefeitura para a construção da nova sede da Cinemateca, na esquina das ruas Mateus Leme/13 de Maio, o arquiteto Abraão Assad programou o aproveitamento de parte da área hoje ocupada pela Casa da Memória para dois auditórios - um com 140 lugares, destinada a projeções em 16/35mm e outro com sala de vídeo. O auditório maior poderá, eventualmente, servir para pequenas reuniões de outros setores da Prefeitura, já que raramente a Cinemateca tem projeções durante o dia. A atual sala de projeção da Cinemateca, no Museu Guido Viaro, é incômoda, asfixiante e pessimamente conservada - com banheiros sujos, pias quebradas e que desanima inclusive a freqüência de pessoas mais exigentes. O próprio prefeito Jaime Lerner e sua esposa, Fany, apesar de serem cinéfilos fanáticos, praticamente não entram naquele auditório há anos. Quando a Cinemateca se transferir para a nova sede - cujas obras já deveriam, aliás, terem sido iniciadas - poderia servir ao Museu Guido Viaro. Mas desde que reformada, limpa e apropriada a finalidades culturais ligadas ao Museu. estão de auditórios
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
24
15/09/1990

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