As domésticas no mercado imobiliário
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 22 de novembro de 1977
Um expert do mercado imobiliário fez um estudo reservado, restrito, evidentemente, a mínimas pessoas, analisando a situação atual e perspectivas do mercado em Curitiba. Quando se fala tanto em crise do setor - com maior oferta do que procura de apartamentos, e (conseqüentes( grandes construtoras e incorporadas em difícil situação, algumas das mais tradicionais ameaçadas inclusive de concordata e mesmo falência, há também enfoques otimistas.
O lançamento de novos edifícios, cada vez mais sofisticados, a incorporação de novos conjuntos residenciais, não só na área popular, mas também de casas de alto padrão, em bairros exclusivos, tem sido precedidos de pesquisas de mercado. O interesse de uma certa faixa da população de melhor poder aquisitivo em passar para apartamentos de alto padrão, com piscinas, sauna, grandes salões de festas, decorreu, principalmente, em face da insegurança nas casas afastadas. Outro fator que contribui para o abandono de imensas mansões, como as que existiam no Batel e Avenida Silva Jardim, é a crescente crise na mão-de-obra de domésticas. Hoje, as empregadas são mantidas a peso de ouro, tudo fazendo uma dona de casa para manter criadas de confiança e competência.
Na reservada análise do mercado imobiliário, um dos pontos mais curiosos foi justamente es: até onde o conforto e as facilidades de um apartamento, dispensado o máximo possível a mão-de-obra doméstica, influem na decisão da dona-de-casa em convencer o marido a comprar o apartamento. E, segundo estudos confirmados, quem, em última instância, decide na compra de um apartamento é a mulher. Que, quanto menos depender do serviço de domésticas, mais prefere um imóvel.
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