Elizeth, a divina da canção brasileira (Mas também podem chamar de iluminada e magnífica).
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 25 de agosto de 1985
São muitos os seus adjetivos: Divina, Magnifica, Enluarada. Cantora maior do Brasil, a carioca Elizeth Moreira Cardoso está, sem favor nenhum, no patamar das maiores cantoras de todos os tempos. No mesmo nível de uma Ella Fitzgerald, Edith Piaf ou Sarah Vaughan esta aliás, uma das suas maiores admiradoras.
Em qualquer parte do mundo, artistas da dimensão de Elizeth Cardoso fariam no mínimo um disco por ano e seriam tratadas como Rainha.
Embora não possa se queixar afinal é grande o respeito que possui em todo o País Elizeth está sem fazer um disco de estúdio mais 4 anos. Suas duas últimas gravações foram feitas ao vivo, de um show com o pianista e maestro Radamés Gnatalli e a Camerata Carioca, em homenagem aos 10 anos da morte de Pixinguinha - produção do incasável Hermínio Bello de Carvalho (Continental) e o show rememorando Ataulfo Alves, dividido com Ataulfo Alves Junior (edição Estúdio Eldorado, 85).
Na semana passada, em Curitiba, devido à incompetência do Secretária da Cultura e Esportes, responsável pela infra-estrutura do Projeto( Pixinguinha entre nós, Elizeth e a camerata Carioca sofreram uma das maiores humilhações já presenciadas a artistas brasileiros: ingressos distribuídos com fins demagógicos levaram ao Guaíra um público mal informado sobre o show que estava sendo apresentado e que reagiu aos gritos, vaias, assovios e palavrões a um belíssimo espetáculo dirigido por Tulio Feliciano. Elizeth saiu arrasada de Curitiba, ela que disse preferir cantar "em teatro, onde há um público que respeita o nosso trabalho".
Felizmente, aos 65 anos, 49 de carreira completados no dia 18 do Elizeth está vigorosa e cantando como nunca. Em Florianópolis, onde se apresentou no domingo passado, reencontrou dois amigos de muitos anos o compositor Zeninho (Cláudio Alvim Barbosa) e a cantora Neide Maria Rosa - com os quais comemorou a efeméride que, em Curitiba, não teve o respeito devido.
Aqui, numa conversa informal, na qual participou o professor Alceu Schwaab, diretor e fundador da Associação dos Pesquisadores da Música Popular Brasileira, Elizeth lembra um pouco de sua carreira e fala com pessimismo da atual MPB. E ela tem razão!
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