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Aramis

À espera de publicação (II)

Embora, pela suas próprias características, a maioria das dissertações de mestrado dos alunos deste setor da Universidade Federal do Paraná tenha, por tônica central, temas relacionados à demografia histórica, entre as quase 40 teses já definidas - e aguardando publicação, existem também algumas que abordam aspectos econômicos e sociais, com revelações das mais interessantes. Tanto é que há muito já mereceriam ser editadas, proposta que a professora Cecília Maria Westphalen, diretora do Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes da UFP - e grande responsável pelo prestigio internacional que hoje desfruta este curso de pós-graduação - tem defendido ardorosamente. Por exemplo, há 5 anos, Nadir Aparecida Cancian defendeu uma sólida tese de 470 páginas sobre a "Conjuntura Econômica da madeira do Norte do Paraná", enquanto que Rosemeri Pozzi Eduardo fez, na mesma ocasião, a apresentação do trabalho "A madeira em Santa Catarina" - dois trabalhos que poderiam motivar até o patrocínio de alguma entidade ligada à indústria madeireira para sua publicação, bem como o trabalho de Ainda Mansani Lavalle, sob orientação do professor Brasil Pinheiro Machado, sobre "A madeira na economia paranaense", Beatriz Pellizzetti, hoje retorna do Departamento de História da UFP, defendeu, como dissertação de mestrado, o estudo sobre o Banco de Crédito Popular e Agrícola de Bella Aliança na conjuntura da emancipação de Rio do Sul, cuja edição em livro há muito vem tentando. A economia da erva-mate já foi levantada em pelo menos duas teses: o ciclo de 1939-67, estudado por Marisa de Oliveira e, mais recentemente, o levantamento das indústrias de beneficiamento de erva-mate no Paraná, em 226 páginas, que Lucrécia de Araújo Caron defendeu no ano passado. Já Alcina Maria de Lara Cardoso, há 3 anos passados, fez um exaustivo estudo sobre a indústria de torrefação e moagem de café e consumo interno, no período entre 1940/70, enquanto Ernesto Cassol levantou a "Política tributária do Paraná na Primeira República" (1890-1930) - que já por seu título dá idéia da quantidade de informações contidas ao longo de suas 101 páginas, e que interessariam ao menos aos tributaristas e técnicos do setor. A indústria do papel no Paraná (1890-1970) foi estudada em 257 páginas por Maria Ivone Bergamini Vannucchi, enquanto Judith Barbosa Trindade pesquisou a estrutura agrária - uma metodologia para seu estudo na História, ambas em trabalhos desenvolvidos sob orientação do professor Brasil Pinheiro Machado. evidentemente, cada aluno do curso de pós-graduação em História Demográfica da UFP opta por uma tese relacionada mais de perto a sua vivência, o que justifica estudos regionais. Por exemplo: Helga Blaschke, de Joinville, fez uma tese sobre a Fundição Tupy S/A, enquanto Renê Mussalam estudou a formação e crescimento do Norte do Paraná através dos censos. O preço de terras na colônia Içara (1939-1968) foi pesquisado por Odah Regina Guimarães Costa, enquanto que João Côrrea de Andrade, há 4 anos, fez um trabalho sobre o japonês na frente pioneira do Norte paranaense. Lando Rogério Kroetz estudou as estradas de ferro de Santa Catarina. Alunos vindos de outros Estados têm também desenvolvido interessantes teses: Maria Auxiliadora Faria, de Belo Horizonte, estudou a Guarda Nacional em Minas (1831-1873), enquanto sua colega Evantina Pereira Vieira fez um estudo sobre população votante em Minas Gerais - trabalho defendido em fevereiro último. xxx Em fase de elaboração há dissertações das mais interessantes. Regina Rottemberg Gouvea faz, por exemplo, sob orientação da Altiva Pilatti Balhana, o [primeiro] estudo demográfico da comunidade judaica em Curitiba, no período entre 1898-1970. Iolanda Casasgrande optou por tema dos mais sociais - e que deve resultar em um trabalho de grande força: a população [rural] marginal do Norte do Paraná, ou seja, os bóias-frias. Márcia Teresinha Dalledone, sob orientação de Jayme Cardoso - que retornou no ano passado de seu estágio na França - levanta as epidemias no Paraná no período provincial (1853-1889). As demais dissertações, em elaboração, voltam-se a aspectos demográficos: o povoamento e população de Guarapuava no século XIX, por Pura Domingues Bandeira; a miscigenação no município de Araucária (1865-1970) por Fagide Calluf Doval, o estudo da população da colônia Orleans (1907-1976), por Martha de Souza Lima, enquanto Myriam Sbravati pesquisa a população de São José dos Pinhais (1775-1825). Ponta Grossa estimulou duas dissertações em elaboração: a população da freguesia, por Maria Aparecida Gonçalves e o seu crescimento populacional no período de 1870/1930. Estes são apenas alguns dos muitos trabalhos que os alunos do curso de pós-graduação da UFP estão desenvolvendo - um manancial de pesquisadores independentes, desenvolvendo estudos importantes - e que não merecem ficar restritos a apenas uma dezena de cópias. Só para a publicação de algumas destas teses já justifica que o reitor Ocyron Cunha, homem intrinsecamente ligado ao setor editorial, reserve uma polpuda parte dos recursos da Editora Universitária para 1979/1980.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
13/05/1979

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