À espera de publicação (I)
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 12 de maio de 1979
Nada menos do que 32 teses de mestrado em História do Brasil, no curso de pós-graduação em História Demográfica mantido pela Universidade Federal do Paraná - considerado centro de excelência pelo MEC - já foram defendidas, aprovadas e, pelo menos 50% delas têm condições de constituir livros de grande interesse. Doze outros alunos do curso de pós-graduação trabalham na fase final de seus trabalhos e, somando-se outros em projetos, há mais de meia centena de um material da maior qualidade, que corre o risco de ficar restrito a meia dúzia de cópias senão for agilizado um programa editorial, uma das preocupações do reitor Ocyron Cunha, já, por sinal deslanchado com algumas edições, mas ainda sem a planificação ideal. Tanto é que, ao que consta, nenhuma das teses dos formados em História Demográfica está com edição prevista - embora alguns dos autores, com muita razão, estejam tentando publicá-las por sua conta e risco. Ou sensibilizar (o que é muito difícil) editoras de outros Estados.
Por exemplo:: Ruy Christovam Wachowicz, primeiro professor a apresentar dissertação de mestrado, em 23/8/74, publicou por sua conta o excelente estudo "Abranches: Paróquia de imigração polonesa - um estudo de história demográfica" (107 páginas, 1976, possível de ser encontrado na Livraria Nova Ordem, na Rua Carneiro Lobo). Carlos Roberto Antunes dos Santos (o "Motorzinho"), que a exemplo dos outros professores do Departamento de História da UFP já fez cursos no Exterior, está com sua tese sobre "Preços de escravos na Província do Paraná: 1861-1887", elaborada sob orientação da professora Cecília Maria Westphalen, aprovada em 21/9/74, com 130 páginas, inédita. Basta olhar a relação das teses defendidas nos últimos 5 anos para se perceber o quanto de material importante, para melhor conhecimento de nossa história, permanece restrito a uma dezena de exemplares - quanto mereceriam edições de pelos menos mil a dois exemplares, para circulação principalmente entre os meios universitários. Jayme Antonio Cardoso estudou "A população votante de Curitiba: 1853-1881", um trabalho exaustivo, com dados que ajudariam muito aos nossos políticos e analistas a entenderem melhor o comportamento eleitoral dos paranaenses. Já Ana Maria de Oliveira Burmester, sob orientação da professora Oksana Boruszenko, também teve aprovado, há 5 anos, outro enfoque sobre a população de Curitiba (século XVIII, 1751/1880), com base nos registros paroquiais. Por sua vez, Maria Ignez Mancini de Boni preferiu verificar como se deu a evolução da população da Vila de Curitiba, entre 1865/1785, segundo as listas nominativas de habitantes, enquanto Márcia Elisa de Campos Graf, partindo das listas de classificação para emancipação (1873-1886), em 189 páginas, desenvolveu aquele que é, possivelmente, o primeiro estudo sobre a população escrava da Província do Paraná, numa tese em que altiva Pilatti Balhana foi a orientadora. Pela própria característica do curso - História Demográfica - outras teses elaboradas e defendidas por seus alunos têm o mesmo tema, embora com enfoques muito especiais: assim Elvira Mari Kubo, em 3 de janeiro de 1975, defendeu a sua tese, 125 páginas, sobre "Aspectos Demográficos de Curitiba entre 1801/1850", Maria Budant Schaaf estudou "A população da Vila de Curitiba segundo as listas nominativas de habitantes - 1786-1799", Jair Maquelusse preferiu ver como era a população de Paranaguá no final do século XVIII, enquanto Marília Souza do Valle, em junho de 1976, apresentou sua tese de 126 páginas sobre o movimento populacional da Lapa no período entre 1769/1818".
Já Beatriz Teixeira de Mello Miranda em setembro do ano passado, defendeu sua tese sobre "Aspectos Demográficos de Curitiba entre 1851/1880" e Maria Adenir Peraro, a 25 de janeiro último, mostrou o resultado de suas pesquisas sobre "Crescimento Populacional da Região de Maringá". Se muitas das teses se integram em alguns aspectos, há também aquelas de grande originalidade: em 31/7/78, Zulmara Clara Sauner Posse fez uma brilhante apresentação sobre "A população pré-histórica do Litoral paranaense"; enquanto Sérgio Odilon Nadalin, numa da mais volumosas teses já apresentadas - 341 páginas - mostrou a origem dos noivos nos registros de casamentos da Comunidade Evangélica Luterana de Curitiba (1870-1969).
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