Leilah tirou caveira de burro da Editora
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 03 de março de 1990
Há muitos anos que a implantação de uma atuante editora universitária no Paraná era um sonho distante. Mesmo quando um reitor vindo da área empresarial ligada ao comércio de livros - Ocyron Cunha, buscou a competência de uma das mais admiráveis professoras da septuagenária UFPR (Cecília Maria Westphalen) o projeto não deslanchou por várias razões. As (raras) edições que a Universidade Federal do Paraná promovia eram tímidas, sem seqüência e permaneciam praticamente sem divulgação. Rivalidades internas - havia inclusive dois setores gráficos personalismos e outras razões liquidaram, por anos, bem intencionados projetos - enquanto em vários outros estados, e mesmo junto a Pontifícia Universidade Católica do Paraná, as editoras prosperaram.
Felizmente, há três anos, o reitor Riad Salamuni soube escolher uma professora, a bibliotecária Leilah Santiago de Oliveira que, sem personalismo, buscando o diálogo, sabendo recolher know-how junto a outras casas publicadoras, conseguiu fazer de Scientia et Labor - o nome de fantasia da Editora da UFP - uma instituição que já ostenta hoje um catálogo de 52 títulos.
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Fugindo do rigor estético e acadêmico, abrindo democraticamente a editora para autores que mesmo sem formação universitária dispõem de competência para oferecer excelentes originais, Leilah evitou que a Scientia et Labor ficasse com o ranço das casas publicadoras oficiais. Tanto é que após um estudo jurídico ("Ordem Pública - exceção à eficácia do direito estrangeiro", do professor Nagi Calixto), o segundo lançamento da nova fase da editora, em convênio com a Paz & Terra, foi uma das mais polêmicas obras de 1987: "Harry Berger", no qual o historiador e político José Joffily, pela primeira vez, levantando a vida e participação na história política brasileira do agente estrangeiro que provocou a Intentona de 1937. Lançado em Brasília e, uma semana depois (1º de julho/87) em Curitiba, "Harry Berger" provocou polêmicas e fez com que o Brasil tomasse conhecimento da nova editora que aparecia no Paraná.
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Obras acadêmicas, ensaios técnicos, livros-textos, mas também trabalhos de alcance mais amplo, na área da literatura e ciências humanas, constam hoje do catálogo do Scientia et Labor. Até agora, foram lançadas 52 obras, sendo 13 em 1987, 21 em 1988, 10 em 1989, e 8 no primeiro trimestre de 1990.
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Sem dúvida, a obra mais luxuosa é o álbum "De Bonna - um exercício de Criação", que no dia 13 terá seu lançamento oficial. Mas não é, naturalmente, o único livro que marca editorialmente o mês que agora inicia, pois já no dia 29, no saguão do setor de Ciências Jurídicas da UFPR, estará sendo apresentado o volume 4 da série paranaenses dedicada a Sérgio Rubens Sossella, 48 anos, 72 obras publicadas (poesia, ensaios, crônicas, artigos, textos jurídicos etc) que, em Paranavaí - cidade na qual se fixou após se aposentar como juiz de Direito, em 1986 se radicou, para dedicar-se apenas a literatura. Autor, portanto de uma obra importante, sólida, Sossella merece sua inclusão nesta coleção destinada a valorizar os escritores paranaenses, coordenada por Dante Guimarães.
No ano passado, em co-edição com a Secretaria do Planejamento, a Scientia et Labor publicou "A Erva-Mate", ensaio do jornalista e escritor Samuel Guimarães da Costa, sem dúvida um estudioso de temas paranaenses de maior solidez e que, também, como autor merece figurar num dos próximos volumes desta série de obras interpretativas de nossas melhores cabeças.
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Um depoimento humano, sobre o mundo da loucura, "O Canto dos Malditos", de Austragésilo Carrano, será lançado no dia 22. Outras edições se seguirão: "Pesquisas de variáveis múltiplas", do professor Ademir Clemente; os volumes 4 e 5 de "Ser e Sismar", do professor Ernani Reichmann; "Álgebra Vetorial de Geometria Analítica", do professor Jesus Venturi. Para abril, duas obras já programadas: "O que é literatura comparada", de Pierre Brunel (tradução de Cecília Barretini) e o álbum "Assim é o Paraná", fotos de Manoel Luiz do Amaral e texto de Samuel Guimarães da Costa - que merecerão, obviamente, registros específicos e detalhados em breve, antecipando a sua chegada às livrarias.
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