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Editora da Universidade não morreu. Longa vida para ela!

O professor Carlos Alberto Faraco, reitor da Universidade Federal do Paraná, iniciou o ano nos enviando uma educada carta, em linguagem informal, na qual faz algumas colocações em relação ao comentário que aqui publicamos, em 17 de dezembro último, sobre a redução nas atividades da Editora "Scientia et Labor", mantida pela UFP. Elegantemente, como costumam fazer as pessoas educadas e que sabem respeitar o direito da crítica dos jornalistas independentes, o professor Faraco faz colocações que justificam sua divulgação. Assim, reconhece que, no período em que a professora Leilah Santiago de Oliveira dirigiu a Editora da UFP - entre 1987/90 - foram publicados 53 títulos, enaltecendo o "incansável trabalho da professora Leilah, de quem fui companheiro na criação da Editora da UFPR e, enquanto Pró-Reitor, procurei ajudá-la sempre em suas ações". Substituída pelo professor e editor Roberto Gomes, o trabalho de Leilah teve, nos últimos dois anos, "transformações significativas do ponto de vista administrativo e editorial" (mudança de sede, novas instalações para a Livraria da UFP, estabelecimento de uma política editorial definida em projetos editoriais, reordenação da produção), tendo, em 1991, lançado 14 títulos e uma agenda da UFP, de grande utilidade para marcar compromissos e anotações". O reitor Faraco destaca que "dentre as ações de Roberto está a viabilização da publicação regular das revistas científicas da Universidade, "fato que reputo dos mais importantes para nós, porque, a circulação das idéias é o oxigênio das Universidades". Destaca também, "além das obras de utilidade para o público em geral e não apenas o mundo universitário (como "Nutrição para pacientes em hemodálias" e "Elementos de doenças vasculares"), o início da série Partituras Musicais pela qual nossa Editora publicará obras musicais de compositores paranaenses". Faraco considera injusta "para ambas as partes" uma comparação no vazio entre a Editora da Universidade de São Paulo e a Editora da UFP, como fizemos em nosso comentário. Diz o Reitor que "enquanto a USP tem fonte definida de financiamento, fluxo regular de repasse dos recursos e autonomia de gestão financeira (o que viabiliza, entre muitas coisas, um ritmo editorial forte e regular), a UFPR, como as demais Universidades Federais não tem nada disso, o que nos obriga a prodigiosos malabarismos no dia-a-dia para não afundar, e mais que isso para continuar realizando ações importantes como nossos projetos editoriais que, apesar de todas as dificuldades, não pararam. Vale lembrar também que, em São Paulo, há mais de 40 anos existe uma fundação de Amparo à Pesquisa (Fapesp) que tem sido importante fonte de recurso para publicações universitárias, realidade que nosso Paraná ainda não conseguiu imitar, apesar do Art. 207 da atual constituição e do esforço da comunidade universitária e empresarial do Estado nesse sentido". xxx Ficamos satisfeitos pela atenciosa correspondência do reitor Carlos Alberto Faraco e, especialmente, porque após 20 meses sem qualquer comunicação, recebemos um pacote com 13 das publicações lançadas em 1991. Conhecendo, admirando, respeitando e sempre tendo prestigiado o trabalho do professor Gomes - especialmente nos anos em que ele, idealísticamente tentou implantar a sua Criar Edições (que mereceu, como deve reconhecer, sempre grande cobertura em nossas colunas), estranhávamos o silêncio que vinha cercando suas atividades na Editora Scientia et Labor - nome aliás, escolhido por concurso, promovido pelo ex-reitor Riad Salamuni e que, ao que nos consta, foi abandonado na atual administração. Lamentamos apenas que, enquanto editoras universitárias de outros Estados - algumas bem mais modestas que a da UFP - preocupam-se em dar maior divulgação as suas edições, os valorosos trabalhos editados pela instituição paranaense sejam lançados com promoção reduzida, numa circulação quase dirigida. Queixa-se o reitor Faraco da falta de maior cobertura "aos eventos culturais da Universidade", mas, cremos, que isto deve-se, em grande parte, pela própria timidez de sua assessoria de comunicação - como também da própria Editora - em não manter um relacionamento mais direto com profissionais que sempre abrigaram os eventos culturalmente importantes. O próprio professor Gomes, desde que assumiu há quase dois anos a direção da EUFP, deixou de ter qualquer contato conosco - e outros jornalistas - que sempre o prestigiaram. Felizmente, sabemos agora que a Editora da UFP está atuando e que para as próximas semanas fará lançamento de mais 11 títulos, entre obras didáticas, anais de seminários e um exemplar da "Revista Nerítica/Biologia Marinha".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
20
11/01/1992

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