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Aramis

A Estadual mantém programação mas ouvintes estranham hora religiosa

A coluna em que denunciamos a mudança da programação da Rádio Estadual do Paraná - que na busca de melhor Ibope ameaçava substituir a difusão do que há de mais significativo na música (nacional e internacional) pelo brega e som de consumo, felizmente teve repercussão. A secretária Gilda Poli, da Cultura - pasta à qual está subordinada a Fundação Rádio e TV Estadual do Paraná - recortou a coluna e despachou à direção da emissora, com algumas observações. xxx Graças a esta providência, ao menos de momento, a programação atual esta mantida, apesar da mesma ter suas deficiências - em decorrência mais da falta de recursos do que de competência de seus funcionários - o prefixos oficial é um dos poucos que divulga compositores, intérpretes e grupos musicais que, infelizmente, são vetados nas outras emissoras. E a finalidade de uma emissora cultural, mantida com recursos públicos, está em fazer uma programação alternativa, que valorize basicamente a qualidade - sem preocupação de conquistar pontinhos do Ibope. A audiência que conquista é espontânea e significativa, não necessitando de concorrer com as AMs e FMs comerciais. xxx Em relação as precárias instalações da Rádio Estadual - três andares no Edifício Caetano Munhoz da Rocha - a secretária Gilda Poli garante que está disposta a alugar um imóvel, em algum bairro - de preferência na zona do Pilarzinho (que devido sua altitude, vem concentrando as rádios da cidade) mas que até agora não encontrou nenhuma boa oferta. O edifício do IPE está somente à espera de que a Estadual deixe os espaços que ali ocupa para entrar em obras. Há três anos que os elevadores deixaram de funcionar, não há mais serviço de limpeza e o prédio - localizado numa das esquinas mais poluídas sonoramente da cidade (ruas Cruz Machado e Dr. Murici) não se ajusta a uma emissora. Portanto, se alguém tem uma casa ou sobrado que possa sediar a Rádio Estadual, telefone para a Secretaria da Cultura. A TV Educativa funciona junto à Acarpa, no bairro do Juvevê. xxx Alguns ouvintes da Estadual têm nos telefonado em relação à estranha programação que a emissora vem apresentando diariamente entre às 11 e 12h da manhã. De responsabilidade do sr. Antonio Muñoz (ou Munhoz), a audição intercala leituras de salmos evangélicos com músicas e notícias religiosas. A estranheza vem do fato de que as emissoras oficiais não devem, por uma questão de ética e respeito às diferentes religiões e crenças de seus ouvintes, abrirem espaços a programas religiosos. Para tanto, o chamado messianismo eletrônico - do qual o "bispo" Edir Macedo, dono da Rede Record, é um exemplo dos mais polêmicos - vem conquistando dezenas de prefixos - e também estações de televisão. Não há, portanto, necessidade de uma emissora oficial, que deve se voltar exclusivamente à programação artístico-cultural reforçar a mídia evangélica. xxx Um complemento a notícia que aqui publicamos sobre os vários diretores que após a morte de Aluízio Finzetto, aos 59 anos. Em 6 de dezembro de 1976, ali sucederam-se. O cartorário Roberto Guimarães, hoje procurador do Tribunal de Contas do Paraná, permaneceu vários anos, esforçando-se para solucionar problemas diversos da rádio. Quando foi nomeado pelo então governador Ney Braga para uma vaga de auditor do Tribunal de Contas, foi substituído por Roberto Lopes, locutor, ao qual se seguiu, por pouco meses, o jornalista e cronista esportivo Luiz Augusto Xavier, que estava cheio de projetos mas que não pôde viabilizar. No governo João Elysio - que sucedeu a José Richa - por ai passaram o editor Faruk El Khatib, ex-Grafipar, ex-"Correio de Notícias" (hoje fabricante de perfumes) e o ex-jovem guarda e corretor de seguros Tony Carletto, hoje dirigente esportivo e candidato à Câmara de Vereadores. Amigo pessoal de Álvaro Dias - que praticamente começou sua carreira como radiocomunicador fazendo o programa "É uma brasa, mora!" na Rádio Atalaia, de Londrina, quando Palito dirigia aquela emissora FM, o veterano profissional - no registro civil Lourival Pedrossian -, foi convidado para a direção da Estadual, cargo que exerceu por vários anos, paralelamente a direção da Atalaia-Curitiba. Profissional experiente em fazer emissoras conquistarem a preferência popular, Palito defendeu sempre a filosofia de que a 630 KwH deveria nivelar por baixo sua programação e ter maior presença no Ibope. Sale Wolokita, ex-ator, hoje assessor do vereador Horácio Rodrigues na Câmara de Curitiba, quando assumiu a presidência da Fundação Rádio e TV Estadual - na passagem destes veículos da área da Comunicação Social para a Cultura, no final do governo Álvaro Dias, tentou mudar a filosofia de Palito. Para tanto, com apoio do então secretário Renê Dotti, foi buscar a experiência de um dos mais respeitados animadores culturais do país, produtor da Rádio MEC, ex-diretor da Funarte, poeta, letrista e diretor de shows Hemínio Bello de Carvalho. Durante 120 dias, o autor de "Mudando de Conversa" tentou montar uma programação modulada, com grande comunicabilidade e valorizando o melhor da MPB. Infelizmente, a mudança do governo e a impossibilidade imediata de manter o contrato fez o projeto ser abandonado. Na administração Roberto Requião, em 16 meses, por ali já passaram o jornalista Raul Varassim, Marisa Vilela (num curtíssimo período) e atualmente Odemar Colombo, ex-repóter da Rede Manchete, da equipe da Comunicação Social e que se forma este ano em jornalismo pela Universidade Católica do Paraná.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
24
04/06/1992

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