Felino Melodia
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 02 de outubro de 1983
É comum os artistas da MPB declararem sempre que fazem um novo disco que este << é o melhor dos que já fiz >>.
Uma simples questão de marketing. Mas no caso de << Felino >> de Luiz Melodia (Ariola, agosto/83), tal afirmação se justificaria . Afinal, Luis Carlos dos Santos - o Luis Melodia (o sobrenome artístico herdou do pai, Osvaldo Melodia, boêmio e sambista no bairro do Estácio), aos 32 anos, tem uma carreira bem irregular. Cantando desde os 14 anos, passando por grupos de rock e depois ligando-se aos vanguardistas Torquato Neto e Waly Sailormoon, teve sua << Pérola negra >> gravado por Gal Costa há 11 anos (<< Gal a todo vapor >>, 1972). Depois Maria Betânia gravou um hino de Melodia ao seu bairro (<< Estácio Holy Estácio >>), e o próprio Melodia faria seu primeiro lp ((<< Pérola Negra >>, Philips). Passou pela Sigla/Som Livre e andou depois esquecido. Hoje radicado em Salvador, bebendo da boa terra, retorna agora num disco de grande nível, com composições do melhor nível - resultados desta sua vivência baiana pois entre os parceiros estão Perinho Santana (<< Só >>), edil Pacheco (<< Só >>) e Riocardo Augusto (<< O Sangue Não Nega >>, << Pássaro Sem Ninho >>). Melódia tem swing e emoção, toques musicais que justificam o título deste disco: seu canto é como uma bela gata em teto de zinco quente em noite de verão - numa imagem bem Tennessee Willians. Em suma: forte e atual, suave e moderna, Luís Melodia faz jus ao nome artístico que herdou. Um belo disco este agora lançado pela Ariola.
FOTO LEGENDA - Luiz Melodia
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